A disputa entre Palmeiras e Flamengo ultrapassou as quatro linhas e ganhou mais um capítulo nesta sexta-feira (12), quando o clube paulista usou as redes sociais para defender o uso do gramado sintético no Allianz Parque e alfinetar o time carioca, que tenta emplacar na CBF o fim desse tipo de piso nos estádios brasileiros até 2027.

A proposta do Flamengo foi apresentada oficialmente à entidade na última quinta-feira (11), com o argumento de buscar uma padronização dos gramados no futebol nacional. A resposta do Palmeiras, no entanto, veio com força: além de publicar um comunicado em conjunto com Athletico-PR, Botafogo, Atlético-MG e Chapecoense, todos usuários ou defensores do sintético, o clube paulista lançou uma publicação nas redes sociais com estatísticas, declarações e provocações veladas — mas direcionadas.

Palmeiras cita dados e critica qualidade do Maracanã - No post, o Palmeiras sustenta que o gramado sintético não só é seguro, como registra um número inferior de lesões em relação aos campos naturais. Segundo o clube, a média anual de contusões entre os times que atuam em gramado artificial é menor do que entre os que jogam em grama natural. O clube também comparou os dados do departamento médico do Palmeiras com os de equipes da Europa, destacando uma frequência reduzida de lesões mesmo nos treinos.

A publicação trouxe ainda manchetes de reportagens que criticam o estado do gramado do Maracanã, estádio onde o Flamengo manda seus jogos. Em tom provocativo, o Palmeiras reuniu falas de jogadores e ex-jogadores, inclusive do próprio elenco rubro-negro, como Jorginho, Léo Pereira e Samuel Lino, apontando problemas no campo do Maracanã.

Sem mencionar diretamente o nome do Flamengo, o post termina com duas perguntas retóricas que acentuam a rivalidade: “Será que o problema deles é mesmo com a qualidade do campo? Ou o objetivo deles é prejudicar os adversários?”

A proposta apresentada pelo Flamengo à CBF ainda será analisada, mas já provoca debate entre os clubes da Série A. O argumento do time carioca é que o futebol brasileiro precisa caminhar para um modelo de unificação e padronização dos campos, em linha com as exigências das grandes ligas europeias.

Por outro lado, os defensores do gramado sintético afirmam que a tecnologia atual garante qualidade, economia de manutenção e segurança. Clubes como Athletico-PR, que utilizam o piso há anos, alegam que o modelo é essencial para manter a regularidade do gramado ao longo da temporada, inclusive sob condições climáticas adversas.

Rivalidade fora do campo se intensifica - A disputa entre Palmeiras e Flamengo, que protagonizam algumas das maiores decisões do futebol brasileiro nos últimos anos, agora se estende ao campo institucional. A divergência sobre o tipo de gramado é apenas o mais recente desdobramento de uma rivalidade que já envolveu debates sobre arbitragem, tabela do Brasileirão e cotas de televisão.

Ambos os clubes têm forte influência política dentro da CBF, e a disputa sobre o tema do gramado tende a se arrastar por meses. Até 2027, prazo sugerido pelo Flamengo para a eliminação dos campos sintéticos, muita discussão ainda deverá ocorrer — dentro e fora das redes sociais.