Natal movimenta Mercado Municipal e une espírito natalino com culinária típica
Ingredientes tradicionais do estado ganham cada vez mais espaço no preparo da ceia das famílias campo-grandenses
CLIMA NATALINOO clima natalino demorou, mas chegou no Mercado Municipal de Campo Grande. A procura por ingredientes, bebidas alcoólicas e presentes para as comemorações de fim de ano movimenta os corredores do ponto turístico mais tradicional da culinária campo-grandense.
Com a proximidade do Natal, os preparativos para a ceia já movimentam a rotina da Capital, e o comércio começa a sentir o avanço do clima festivo. No Mercadão Municipal, o aumento no fluxo de pessoas já é perceptível, especialmente após uma primeira semana mais fria, o que trouxe alívio para os vendedores que aguardavam a retomada do movimento.
A procura vai desde acompanhamentos para as receitas típicas a doces e conservas para presentear entes queridos (Foto: Jamille Gomes)
‘’Agora nessa época de Natal o movimento aumenta bastante e ajuda todo mundo. Em dezembro nós compramos uma quantidade maior para aumentar os estoques, principalmente das farinhas e farofas prontas, que são uma opção mais prática para a ceia por um preço mais acessivel’’, conta o dono da premiada Banca do Gil, Gilmar Leite Pereira.
Para quem gosta de preparar a própria ceia em todos os sentidos mas não sabe qual a melhor opção, Gilmar explica que cada farinha tem sua finalidade específica ‘’Para as carnes mais fortes como a de porco, muito comum nessa época, o mais recomendado são as farinhas mais leves como a branca. Já para o preparo de farofas, a farinha mais torrada é a melhor para garantir crocância’’.
Entre as farinhas brancas, se destaca a popular farinha cuiabana, tradicional do Mato Grosso, que vem ganhando espaço na culinária sul-mato-grossense. Essa mudança de comportamento não passou despercebida pelos donos da mais tradicional barraca, Hiroshi Utinoi e Mari Evani Utinoi, que modificaram o cardápio de produtos e retiraram o polvilho devido a baixa procura.
O modo de preparo da farinha e a sua origem influenciam diretamente no tamanho do seu grão e na coloração, características que definem como ela será utilizada na cozinha. (Foto: Jamille Gomes)
O aumento nas mercadorias não é exclusividade de um setor, a atendente da Banca da Crys, Luana Kamilly, destaca que o setor de especiarias também precisou se preparar para atender à maior demanda.
"Nós precisamos aumentar o estoque porque vende muito para a ceia, para preparar as comidas de Natal e até do Ano Novo. O chimichurri é um dos mais pedidos, porque serve para temperar tudo.”
Para a cozinheira e gerente da Banca da Naza, Ilma Stroppa, a popularização de um maior número de temperos no preparo das comidas festivas aumentou o alcance. ‘’Atualmente nossos maiores consumidores são os veganos e vegetarianos. Por serem produtos mais naturais, os temperos aumentam o sabor das comidas.”
Chimichurri, páprica defumada e lemon pepper são os nomes mais procurados para a ceia. (Foto: Jamille Gomes)
Ilma também explicou as diferenças no preparo das carnes. Para quem prefere frango na ceia, a indicação é o lemon pepper, uma mistura de raspas de limão desidratadas, pimenta-do-reino, sal e, em algumas versões, alho e cebola em pó. Já para carnes de sabor mais intenso e tradicionais, como o cordeiro, a melhor escolha é a sálvia, que equilibra o aroma e realça o sabor.
Para quem deseja aumentar o cardápio de proteínas, os peixes tradicionais de Mato Grosso do Sul como o Pintado e Pacu, vendidos na Peixaria do Mercadão, são ótimas opções. Eles costumam ser preparados com o tempero popular conhecido como 'Edu Guedes', uma mistura de alho, cenoura, pimentão e salsinha, ideal para carnes mais leves.
A cozinheira comenta ainda que na véspera de Natal os temperos são partes essenciais nos seus preparos, harmonizando com a manga tommy, típica da região, usada nas saladas e até na composição da mesa.
E não é só a manga que ganha espaço nessa época. Segundo Joãozinho Pedrinho, responsável por quatro bancas de hortifruti, a procura por frutas de caroço praticamente dobra no fim do ano. “Pêssegos, ameixas e outras frutas desse tipo estão em alta agora, e a tendência é que vendam ainda mais a cada semana. As tradições também influenciam, como a compra de uvas, que muita gente acredita trazer sorte.”
As frutas ocupam espaço no prato e na mesa dos sul-mato-grossenses, muito utilizadas por quem busca uma ceia colorida e viva. (Foto: Jamille Gomes)
O vendedor reforça que as frutas típicas do cerrado, como a guavira e a siriguela, não podem ficar de fora da noite de Natal. Os sabores marcantes casam com as carnes de porco, tradição na ceia.
Essa valorização dos ingredientes regionais também aparece no trabalho das aldeias que abastecem o Mercadão. Representando uma das comunidades instaladas na entrada do local, a comerciante Elida Fatima Julio destaca como o milho verde produzido pelas comunidades indígenas próximas a Campo Grande ganhou espaço nos pratos natalinos.
“Para mim, ceia tem que ter churrasco, não tem jeito. E sempre tem umas frutas também. Mas o que não falta mesmo é o milho verde, que acaba indo para quase todo prato nessa época. Nessas últimas semanas, muita gente vem atrás das espigas frescas para o jantar.”
Um dos destaques de vendas tem sido as espigas de milho verde, procuradas como acompanhamentos de pratos típicos. (Foto: Jamille Gomes)
Elida comenta que as iguarias passaram a marcar presença também nas bebidas artesanais preparadas para as festas de fim de ano. Ela explica que muitos clientes têm apostado em licores e infusões caseiras para levar um toque do Cerrado às celebrações.
“A procura pela guavira está grande. Tivemos bastante na semana passada, mas agora já acabou e o pessoal continua vindo atrás. Talvez chegue logo da nossa aldeia, porque já está começando a amadurecer lá no Pantanal. Na ceia, muita gente usa como licor, o tradicional licor de guavira, típico dessa região.”
Ela acrescenta que não é só a guavira que vem ganhando espaço nas receitas festivas.“O limão rosa também anda saindo muito bem. Eu gosto desse limão para temperar frango, peru e porco porque combina com tudo, mas há cliente que usa para fazer caipirinha. O pessoal adora essa mistura de limão rosa com cravo, dizem que é uma delícia. Acredito que vale a pena experimentar.”
O Mercado Municipal está localizado na Rua Sete de Setembro, 65, no Centro de Campo Grande.