Redação E+ | 12 de dezembro de 2025 - 07h40

Moraes anula decisão da Câmara e suplente de Zambelli deve assumir vaga

STF determina posse de Coronel Tadeu em 48 horas e cobra referendo da 1ª Turma nesta sexta-feira

POLÍTICA
O ex-deputado Coronel Tadeu (PL-SP) deve assumir no lugar de Carla Zambelli - Foto: Luis Macedo/Câmara dos Deputados

A determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), altera de forma imediata a composição da Câmara dos Deputados. Ao anular, nesta quinta-feira (12), a decisão que havia salvado o mandato de Carla Zambelli (PL-SP), Moraes ordenou que o presidente da Casa, Hugo Motta, dê posse ao suplente Coronel Tadeu (PL-SP) no prazo de 48 horas. O ministro também solicitou que o presidente da 1ª Turma, Flávio Dino, agende uma sessão virtual ainda nesta sexta-feira, das 11h às 18h, para referendar a determinação.

Coronel da Polícia Militar de São Paulo, Tadeu exerceu mandato entre 2019 e 2022, mas não conseguiu a reeleição. Suplente da legenda no Estado, ele integrou a base mais alinhada ao ex-presidente Jair Bolsonaro e utilizou a tribuna em diferentes ocasiões para atacar adversários políticos, especialmente o PT e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

A passagem de Tadeu pela Câmara também ficou marcada pelo episódio de 2019, quando ele arrancou e rasgou um cartaz de exposição que tratava do racismo estrutural no Brasil, ação que gerou forte repercussão. O material continha ilustração de Carlos Latuff, representando um policial armado diante do corpo de um jovem negro. Na época, o então deputado publicou mensagem defendendo a atuação das forças policiais e, em entrevista, afirmou não se arrepender do ato.

A decisão de Moraes ocorre em meio ao desgaste crescente provocado pela ausência prolongada de Zambelli, que deixou o Brasil em junho e é alvo de ordem de prisão. Mesmo fora do país, a deputada continuou gerando despesas ao erário. Desde sua fuga, o gabinete já consumiu R$ 654,6 mil, montante que poderia ultrapassar R$ 1 milhão caso a perda automática por faltas só ocorresse no fim de fevereiro de 2026, conforme cálculos de técnicos da Câmara. A medida do STF, portanto, antecipa uma situação que se arrastava na Casa e pressiona o Legislativo a cumprir imediatamente a decisão judicial.