Talita Facchini | 12 de dezembro de 2025 - 07h20

Podcasts rápidos e caóticos redefinem entrevistas na era das redes sociais

Formatos descontraídos, curtos e virais conquistam milhões e mudam a forma como celebridades se conectam com o público

ENTRETENIMENTO
A cantora Rosalía no SubwayTakes - (Foto: SubwayTakes/Reprodução)

Com o cansaço do público diante de podcasts longos e entrevistas tradicionais, uma nova geração de programas curtos, informais e com forte apelo visual vem ganhando espaço nas redes sociais. Estúdios improvisados em restaurantes, metrôs e praças públicas são os novos palcos de conteúdos que misturam humor, vulnerabilidade e espontaneidade. O resultado: milhões de visualizações e uma nova forma de fazer — e consumir — entrevistas.

Programas como Hot Ones, Chicken Shop Date, Track Star, Subway Takes e Career Ladder transformaram interações simples em entretenimento global. A receita combina apresentadores carismáticos, reações exageradas, cortes rápidos e situações inusitadas — ingredientes ideais para viralizar no TikTok, Instagram e YouTube.

Além de popularidade entre o público, esses formatos se tornaram a nova aposta de celebridades para promover projetos, conquistar novas audiências e reforçar sua presença digital.

Hot Ones: asas de frango e perguntas afiadas

Lançado em 2015 e apresentado por Sean Evans, o Hot Ones segue firme como um dos formatos mais influentes dessa nova leva. O programa desafia celebridades a responder perguntas enquanto comem asas de frango cada vez mais apimentadas. A simplicidade aliada à condução segura de Evans cativou o público e os próprios entrevistados.

O canal First We Feast, onde o programa é exibido, soma mais de 15 milhões de inscritos e já ultrapassou 1,5 bilhão de visualizações no YouTube. Entre os participantes, nomes como Jennifer Lawrence, Gordon Ramsay e Kevin Hart protagonizaram momentos icônicos.

Chicken Shop Date: o ‘date’ mais estranho (e divertido) da internet

Criado e apresentado pela comediante Amelia Dimoldenberg, o Chicken Shop Date se passa em lanchonetes de frango. As entrevistas são apresentadas como encontros amorosos — desconfortáveis, absurdos e hilários. O humor britânico seco de Amelia, combinado com a espontaneidade dos convidados, tornou o programa cultuado entre jovens.

Com mais de 3,3 milhões de inscritos no YouTube, Amelia já recebeu estrelas como Billie Eilish, Sabrina Carpenter, Andrew Garfield e Paul Mescal. Em 2025, ela estreou uma série com a Fórmula 1, Passenger Princess, expandindo o formato para novas narrativas e públicos.

Track Star: adivinhe quem canta!

Fenômeno no TikTok e Instagram, o Track Star, comandado por Jack Coyne, mistura música e cultura pop com um desafio simples: adivinhar o artista a partir de um trecho de música. O charme do programa está no contraste entre a naturalidade dos passantes e a presença de celebridades como Ed Sheeran, Olivia Rodrigo e Charli XCX.

O sucesso do programa se deve ao ritmo ágil, à trilha sonora nostálgica e à conexão direta com o público jovem — em poucos segundos, o conteúdo prende a atenção e estimula o compartilhamento.

Subway Takes: entrevistas no vagão

No Subway Takes, o humorista Kareem Rahma transforma o metrô de Nova York em palco de entrevistas rápidas. Com um microfone acoplado a um MetroCard, ele pergunta: “Qual a sua opinião?”. A resposta pode ser banal, engraçada ou profunda — o que torna o programa imprevisível e real.

Celebridades, artistas de rua e passageiros comuns já participaram do quadro. A mistura entre humor, informalidade e humanidade conquistou espaço e diferenciou o formato de vídeos típicos de “pegadinhas” ou entrevistas de rua.

Career Ladder: o que você faz da vida?

Com mais de 3,8 milhões de inscritos no YouTube, o britânico Max Klymenko virou sucesso com o Career Ladder. A proposta é simples: em dois minutos, ele tenta adivinhar a profissão do convidado, com base em perguntas rápidas. Enquanto isso, a pessoa está em cima de uma escada portátil no meio da rua — o que só aumenta o tom de leveza e absurdo.

O quadro une entretenimento, curiosidade e empatia, colocando o foco nas histórias comuns com um toque de surpresa. É uma entrevista disfarçada de jogo — e o público adora.

Esses programas representam uma mudança cultural na forma como o conteúdo é produzido e consumido. Em vez de longos roteiros e edições perfeitas, o público quer autenticidade, descontração e conteúdos que se encaixem em seus feeds lotados.

Ao transformar a informalidade em linguagem e apostar no inesperado, essa nova geração de programas mostra que, para se conectar com milhões, menos pode ser mais — desde que seja criativo, humano e compartilhável.