Antonio Perez | 09 de dezembro de 2025 - 18h45

Dólar fecha em alta com incertezas eleitorais e cenário político no Brasil

Moeda chegou perto de R$ 5,50 com tensão sobre pré-candidatura de Flávio Bolsonaro e especulações envolvendo Tarcísio e PL da dosimetria

ECONOMIA
Dólar oscilou ao longo do dia e fechou a R$ 5,4359 com influência do cenário político e expectativa por decisões monetárias. - (Foto: Envato Elements)

O dólar comercial encerrou a sessão desta terça-feira (9) em alta de 0,28%, cotado a R$ 5,4359, após ter se aproximado de R$ 5,50 no início do dia. A oscilação foi influenciada por movimentos políticos que trouxeram incerteza ao mercado, especialmente em relação ao cenário eleitoral para 2026.

O avanço da moeda pela manhã foi atribuído a declarações do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), que reafirmou sua pré-candidatura à Presidência da República. Flávio declarou que sua decisão é "irreversível" e negou estar “à venda”, em resposta a especulações de que poderia abrir mão da disputa em troca da votação de um projeto de anistia aos envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023.

A percepção entre operadores de mercado é de que a candidatura de Flávio pode fragmentar o campo da direita, enfraquecendo a oposição ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e gerando instabilidade política.

“Ontem, o real mostrou algum fôlego com a possibilidade de que Flávio estivesse apenas fazendo um movimento estratégico. Mas hoje o mercado avaliou que sua insistência enfraquece a direita na disputa com Lula”, afirmou Daniel Teles, sócio da Valor Investimentos.

Durante a tarde, o dólar perdeu força após o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), pautar o projeto de lei que reduz penas para condenados pelos atos golpistas. A medida é vista como uma forma de viabilizar a retirada da pré-candidatura de Flávio, fortalecendo a figura do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), cotado como nome mais competitivo e bem visto pelo mercado.

O mercado enxerga Tarcísio como um possível condutor de um novo ciclo de ajuste fiscal estrutural, caso eleito. Segundo analistas, esse perfil agrada agentes econômicos preocupados com controle de gastos e previsibilidade no comando da economia.

A própria base bolsonarista estaria dividida sobre quem deveria liderar a candidatura da direita. Flávio Bolsonaro reconheceu nesta terça que há "alguma insegurança" no Centrão quanto à sua competitividade.

Além do componente político, o câmbio sentiu pressões sazonais ligadas às remessas de recursos ao exterior. Apesar da instabilidade, o cupom cambial — taxa de juros em dólares no Brasil — segue estável, segundo Marcos Weigt, diretor do Travelex Bank.

No exterior, o índice DXY, que mede a força do dólar frente a outras moedas fortes, subia levemente no fim do dia, após sinais do Banco do Japão de que manterá uma política monetária gradual. Moedas de países emergentes, com exceção do peso mexicano, registraram perdas, refletindo quedas nos preços do petróleo e minério de ferro.

O mercado também aguarda com expectativa os desdobramentos da chamada "Super Quarta", quando o Comitê de Política Monetária (Copom) e o Federal Reserve (Fed) anunciam decisões sobre juros no Brasil e nos Estados Unidos.

Aqui, a expectativa é de manutenção da Selic em 15% ao ano. A atenção está voltada para o comunicado pós-reunião, que pode sinalizar um possível início do ciclo de queda de juros a partir de janeiro de 2026.

Nos EUA, o Fed deve reduzir a taxa básica em 0,25 ponto percentual. O foco estará nas projeções econômicas dos dirigentes e na fala do presidente do banco central americano, Jerome Powell, que pode indicar o ritmo futuro de cortes nos juros.