Ederson Hising | 09 de dezembro de 2025 - 16h35

PP do Paraná veta Moro para 2026 e acirra impasse na futura federação

Mesmo liderando pesquisas, senador é barrado pelo diretório paranaense; União Brasil promete insistir na candidatura.

POLÍTICA
Reunião do PP no Paraná decidiu, por unanimidade, vetar a candidatura de Sérgio Moro ao governo em 2026. - Lula Marques/ Agência Brasil.

O veto do Progressistas (PP) ao nome de Sérgio Moro (União Brasil) para a disputa ao governo do Paraná, em 2026, expôs um dos primeiros pontos de tensão dentro da federação que os dois partidos tentam formar. A decisão, tomada por unanimidade na segunda-feira (8), ocorre justamente no Estado onde o ex-juiz aparece na liderança das pesquisas. Moro classificou a medida como uma “imposição arbitrária”.

A cúpula do PP estadual se reuniu em Curitiba com a participação do presidente nacional do partido, senador Ciro Nogueira (PP-PI), que reforçou o veto. Ele afirmou que, entre os 27 diretórios, o do Paraná era o único que ainda discutia a possibilidade de apoiar Moro. “O partido no Paraná não irá homologar o nome do candidato Moro”, declarou ao deixar o encontro. Nogueira informou ainda que conversaria com Moro e com o presidente nacional do União Brasil, Antônio Rueda, para tratar do impasse.

A presidente do diretório do PP no Estado, deputada Maria Victória (PP-PR), disse ter tentado construir uma aliança com o senador, mas reconheceu que as conversas não avançaram. Segundo ela, “infelizmente, não foi possível”.

Falta de apoio interno - Em nota, o PP paranaense afirmou que, após sete meses de conversas, não houve progresso significativo no diálogo com o União Brasil no Estado nem apoio interno suficiente para sustentar a pré-candidatura de Moro. O líder do partido no Paraná, deputado Ricardo Barros (PP-PR), reforçou que o senador não conseguiu formar base política dentro da legenda. “Temos que montar chapas, preparar o partido para o ano que vem e estamos informando que não vamos apoiar Moro”, disse.

O PP ainda não definiu quem apoiará no pleito estadual. O partido integra atualmente a base do governador Ratinho Junior (PSD), reeleito, e entre os nomes mais cotados dentro do PSD estão os secretários Guto Silva e Rafael Greca, além do presidente da Assembleia Legislativa, Alexandre Curi. Pelo próprio PP, o nome mais citado é o da ex-governadora Cida Borghetti.

Moro mantém pré-candidatura - Nas redes sociais, Moro reafirmou que seguirá na disputa. “Política se faz com diálogo, respeito e não com vetos ou imposições arbitrárias”, escreveu. Ele disse que a direção nacional do União Brasil autorizou a continuidade da pré-candidatura no Paraná e que seguirá buscando diálogo com o PP. “Nosso compromisso é com a boa gente do Paraná e não com interesses particulares.”

O Estadão procurou o senador, que preferiu não conceder entrevista. Rueda, presidente do União Brasil, também se manifestou nas redes, garantindo que insistirá na homologação da candidatura de Moro e classificando o veto como “inaceitável”.

Apesar do atrito, Progressistas e União Brasil já solicitaram ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) o registro da federação partidária. Ricardo Barros avaliou que a decisão no Paraná não deve comprometer o acordo nacional.