Rodrigo Sampaio | 09 de dezembro de 2025 - 13h55

MP-SP recebe denúncia anônima contra gestão do São Paulo

Clube respondeu aos questionamentos sobre base, déficit, parceria com a Galápagos e suposto conflito de interesses.

ESPORTE
São Paulo respondeu ao MP-SP e nega irregularidades apontadas em denúncia anônima. - Foto: Reprodução Wikipédia

O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) recebeu uma denúncia anônima que acusa o São Paulo Futebol Clube de gestão temerária, apontando possíveis riscos financeiros e institucionais. A diretoria tricolor, porém, acredita que a iniciativa pode ter motivação política.

Em nota, o clube informou que já enviou as respostas solicitadas pelo órgão e permanece à disposição para novos esclarecimentos. Até agora, não foi instaurado inquérito. A denúncia reúne quatro pontos: supostas vendas abaixo do valor de mercado de atletas da base, déficit de R$ 287 milhões em 2024, possíveis irregularidades na parceria com a Galápagos no Fundo de Cotia e um possível conflito de interesses envolvendo o filho do presidente Julio Casares.

O advogado do São Paulo, Guilherme Salutti, explicou como o clube rebateu cada tópico.

Salutti afirmou que não existe “valor de mercado” absoluto no futebol e que o preço do atleta se define pela oferta real do mercado. O clube apresentou ao MP um comparativo com negociações de Flamengo e Fluminense para demonstrar que os valores recebidos pelos seus jogadores estão dentro do padrão atual.

A defesa sustentou que a denúncia não individualiza condutas nem apresenta dolo, requisito para caracterizar gestão temerária. Sobre o déficit, o clube explicou que o orçamento foi elaborado após o título da Copa do Brasil, prevendo receitas elevadas com premiações e vendas. As metas não foram alcançadas: a equipe foi eliminada nas competições e atletas com alto potencial de negociação, como Pablo Maia, se lesionaram.

Segundo Salutti, não houve qualquer violação às regras da Fifa. O projeto apenas propunha separar a categoria de base em um novo CNPJ para atrair investimento, com divisão de lucros — 30% ao investidor, 70% ao clube. A iniciativa foi suspensa por questões de momento esportivo e planejamento interno e não deve ser retomada em 2026, ano eleitoral.

O suposto conflito de interesses foi negado. O advogado afirma que o filho do presidente e Aref Abdul Latif, agente de jogadores da base, chegaram a abrir um CNPJ voltado ao setor pet durante a pandemia, mas a empresa nunca funcionou. Uma apuração interna ouviu treinadores das categorias de base, que confirmaram não haver interferência externa na aprovação dos atletas. Hoje, cerca de oito jogadores ligados ao agente integram o sub-13, todos aprovados por desempenho.