SP registra dois feminicídios no fim de semana e protestos tomam capitais do país
Casos ocorreram em Diadema e Santo André; no domingo, manifestações denunciaram avanço da violência contra mulheres no Brasil
VIOLÊNCIA DE GÊNERODuas mulheres foram mortas dentro de suas casas na região metropolitana de São Paulo neste fim de semana, em crimes registrados como feminicídio. Os casos, ocorridos entre sábado (6) e domingo (7), reforçam o alerta sobre o aumento da violência contra mulheres no país e impulsionaram protestos que tomaram ruas de várias capitais brasileiras.
O primeiro crime aconteceu na noite de sábado, em Diadema. Uma mulher de 27 anos foi esfaqueada dentro da residência onde vivia, na rua Yayá, no bairro Canhema. Um vizinho ouviu pedidos de socorro e acionou a Polícia Militar. Quando os agentes chegaram, encontraram a vítima e o agressor mortos. A perícia constatou que o homem tirou a própria vida após assassinar a companheira. A faca usada foi apreendida, e o caso foi registrado como feminicídio seguido de suicídio no 3º Distrito Policial da cidade.
Na manhã de domingo, outro ataque chocou a região. Em Santo André, no Jardim do Estádio, uma mulher de 38 anos foi encontrada esfaqueada após uma ocorrência de violência doméstica. Ao chegar ao local, a Polícia Militar viu a vítima caída no chão e o marido, também de 38 anos, ao lado do corpo. Ele confessou o crime. A mulher chegou a ser socorrida, mas não resistiu aos ferimentos. O agressor foi preso em flagrante, e a faca utilizada apreendida.
Protestos pedem respostas do Estado - Enquanto novos casos eram registrados, mulheres de diferentes capitais foram às ruas no domingo para protestar contra o feminicídio. Com o tema “Basta de feminicídio. Queremos as mulheres vivas!”, atos reuniram centenas de pessoas em cidades como São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília.
O estopim para a mobilização foi a tentativa de feminicídio contra Tainara Souza Santos, atropelada e arrastada por cerca de um quilômetro pelo ex-namorado, Douglas Ales da Silva, preso após o crime. A jovem teve as duas pernas amputadas e permanece internada em estado grave.
Nos atos, entidades cobraram políticas efetivas de prevenção, maior estrutura de acolhimento e respostas rápidas das autoridades diante da escalada de violência. Em Brasília, a manifestação contou com a presença de seis ministras, deputadas federais e da primeira-dama Janja Lula da Silva.
Escalada da violência no Brasil - A recorrência e a brutalidade dos casos destacam um cenário preocupante. Segundo o Mapa Nacional da Violência de Gênero, 3,7 milhões de brasileiras sofreram ao menos um episódio de violência doméstica nos últimos 12 meses.
Em 2024, 1.459 mulheres foram vítimas de feminicídio no país, média de quatro mortes por dia. Somente em 2025, já são mais de 1.180 casos registrados, com tendência de alta e impactos diretos sobre famílias e comunidades inteiras.
Organizações especializadas reforçam que o feminicídio é o desfecho extremo de um ciclo de violência muitas vezes previsível e evitável, caso medidas de proteção e acolhimento sejam adotadas com rapidez e estrutura adequada.