Douglas Vieira | 04 de dezembro de 2025 - 15h05

Campo Grande reduz dengue em 63% após implantação do Método Wolbachia

Estudo aceito pela The Lancet Regional Health Americas analisa 13 anos de histórico e aponta eficácia da estratégia, sem substituir ações tradicionais de combate ao Aedes

SAÚDE
Visitas domiciliares seguem essenciais mesmo após a implantação do Método Wolbachia. - Foto: Reprodução PREFCG

Um estudo aceito para publicação na edição de fevereiro de 2026 da The Lancet Regional Health – Americas aponta um impacto expressivo no controle da dengue em Campo Grande: a redução de 63% nas notificações após a implantação do Método Wolbachia. A pesquisa analisou um período de 13 anos antes da liberação dos Aedes aegypti com Wolbachia e comparou os dados com o cenário posterior, quando a presença dos mosquitos modificados já estava estabilizada na Capital.

A estratégia, aplicada de forma pioneira em todo o município, mostrou eficácia e potencial para ser adotada em larga escala no país, segundo o levantamento. Para a superintendente de Vigilância em Saúde e Ambiente, Veruska Lahdo, o resultado reforça a importância da inovação. “Apesar de já ter sido implementado em outros locais, é a primeira vez que um município inteiro conta com a presença do mosquito com Wolbachia. Por isso, os resultados apresentados são tão relevantes para o enfrentamento aos vírus da dengue”, afirma.

Mesmo com o bom desempenho do método, a Prefeitura mantém as ações tradicionais como eixo central da prevenção. O manejo mecânico, que envolve a eliminação de focos e possíveis criadouros, segue como principal ferramenta no controle do Aedes. “É sempre melhor não ter mosquito em casa do que supor que aquele criadouro é do Aedes com Wolbachia. Não há como diferenciar o inseto que carrega a bactéria daquele que pode transmitir arboviroses”, explica Veruska.

A Secretaria Municipal de Saúde (Sesau) atua de forma contínua com visitas domiciliares de agentes de combate a endemias para manter os índices de arboviroses abaixo do nível epidêmico. As ações são reforçadas no fim do ano, período que antecede o aumento sazonal de casos entre dezembro e março.

Para antecipar a alta prevista nas notificações, está em andamento a força-tarefa “Meu Bairro Limpo”, que mobiliza mutirões nas sete regiões da cidade, com coleta de materiais inservíveis e ampliação das visitas domiciliares. De acordo com o gerente de Controle de Endemias Vetoriais, Rubens Bitancourt, o descarte pode ser realizado pelos agentes, que solicitam a retirada quando identificam resíduos, ou pelo próprio morador, que leva os itens diretamente ao ponto de coleta definido pela Prefeitura.

Além do mutirão, as ações rotineiras continuam nas demais regiões de Campo Grande.