04 de dezembro de 2025 - 14h10

CPMI do INSS convoca dono do Banco Master e governador Romeu Zema

Quebras de sigilos e apuração de irregularidades em empréstimos consignados movimentam comissão no Congresso

INVESTIGAÇÃO FEDERAL
Reunião da CPMI do INSS no Congresso Nacional: foco em fraudes nos consignados e convocação de Zema e Vorcaro - Foto: Bruno Spada/Câmara dos Deputado

A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS aprovou, nesta quinta-feira (4), a convocação do empresário Daniel Bueno Vorcaro, dono do Banco Master, e do governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), além da quebra de sigilos bancário, fiscal e telemático do executivo. Ambos são alvos da investigação sobre possíveis irregularidades na concessão de empréstimos consignados para aposentados e beneficiários de programas sociais.

Vorcaro foi preso pela Polícia Federal por suspeita de envolvimento em fraudes financeiras que somariam até R$ 12 bilhões. Ele já foi solto, mas continua investigado. O Banco Master, de sua propriedade, é uma das instituições com maior número de reclamações registradas sobre empréstimos consignados, segundo dados da Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon).

Banco Master sob suspeita de fraudes e abusos - A convocação de Daniel Vorcaro foi defendida pelo relator da CPMI, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), que destacou a necessidade de o empresário prestar esclarecimentos sobre as práticas adotadas pelo Banco Master na oferta de produtos financeiros voltados a aposentados e pensionistas do INSS.

Além disso, foi aprovado o envio à comissão do relatório de inteligência financeira elaborado pelo Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), com informações sobre as movimentações bancárias de Vorcaro.

A comissão também aprovou a convocação de dirigentes de outros bancos que atuam com crédito consignado: Daycoval, Pan, Agibank e BMG. No entanto, foram rejeitados os pedidos de convocação de representantes de Santander, Crefisa, C6 Bank e da Zema Financeira.

Zema na mira por vínculo com financeira da família - A convocação do governador de Minas Gerais, Romeu Zema, foi um dos pontos mais polêmicos da reunião. O pedido partiu do deputado Rogério Correia (PT-MG), que justificou o requerimento com base na atuação da Zema Financeira — empresa ligada à família do governador — na oferta de crédito consignado a beneficiários do extinto Auxílio Brasil (atual Bolsa Família), com autorização do Banco Central durante o governo Jair Bolsonaro.

“Zema foi uma das poucas instituições autorizadas a oferecer essa linha de crédito, que desconta até 40% do valor direto do benefício pago pelo governo”, afirmou Correia.

O governador enviou uma nota à CPMI solicitando que não fosse convocado, alegando que se desligou da gestão da empresa após sua eleição em 2018. No entanto, o deputado rebateu, afirmando que a participação societária da família Zema permanece ativa. Segundo Correia, o próprio governador ainda detém 16,41% das ações da financeira. A soma da participação da família Zema seria de 100%, distribuída entre pai, irmãos e o próprio governador.

Clima político tenso e críticas da base governista e da oposição - A convocação de Romeu Zema foi aprovada com protestos de parlamentares da oposição. A deputada Adriana Ventura (Novo-SP) defendeu que o governador deveria ser convidado, e não convocado — a diferença entre os dois é que a convocação é obrigatória.

“A gente quer muito que o governador Zema venha, mas não precisava ser convocado. Ele se colocou à disposição para vir mostrar como se faz uma gestão transparente”, afirmou Ventura.

Com a aprovação da convocação, Zema será obrigado a comparecer à CPMI. A data do depoimento ainda será definida pela comissão.