Redação O Estado de S. Paulo | 04 de dezembro de 2025 - 08h30

Operação Falso Mercúrio mira rede de lavagem de dinheiro ligada ao crime organizado em SP

Deic cumpre 54 mandados e bloqueia bens milionários; investigação aponta conexão com o PCC

SEGURANÇA
As investigações apontaram que há indicíos de que a rede criminosa tenha ligação direta com o PCC (Primeiro Comando da Capital). - ( Foto: Divulgação/SSP)

O Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) da Polícia Civil deflagrou nesta quinta-feira (4) a Operação Falso Mercúrio para desarticular uma rede suspeita de atuar como estrutura de lavagem de dinheiro a serviço do crime organizado em São Paulo. As investigações indicam possível ligação direta do grupo com o Primeiro Comando da Capital (PCC).

A ofensiva mobiliza 54 mandados judiciais — seis de prisão e 48 de busca e apreensão — na capital paulista e na Grande São Paulo. De acordo com a Secretaria da Segurança Pública (SSP), a Justiça determinou ainda o sequestro de 49 imóveis, três embarcações e 257 veículos registrados em nome dos investigados. Ao menos 20 pessoas físicas e 37 empresas tiveram as contas bancárias bloqueadas.

Os nomes dos alvos não foram divulgados, e, por isso, suas defesas não foram localizadas até o momento.

Segundo a 3ª Delegacia de Investigações Gerais (DIG), os suspeitos criaram uma engrenagem complexa para movimentar recursos ilícitos provenientes de atividades como tráfico de drogas, estelionato e exploração de jogos de azar.

A operação identificou três núcleos bem definidos:

  1. Coletores – responsáveis por receber o dinheiro obtido em crimes;
  2. Intermediários – encarregados de camuflar, movimentar e distribuir os valores;
  3. Beneficiários finais – que recebiam os recursos já “lavados”, prontos para reinserção na economia formal.

De acordo com a SSP, cada grupo tinha funções específicas para garantir o funcionamento do esquema sem chamar atenção das autoridades. A articulação entre esses núcleos permitia que grandes quantias circulassem com aparência de legalidade.

O nome Falso Mercúrio faz referência ao deus romano Mercúrio, associado ao comércio, à comunicação — e também aos trapaceiros. A escolha simboliza a forma como a rede operava: negociando valores ilícitos com aparência de atividade legítima.

O caso segue sob apuração e novas fases da operação não estão descartadas. O material apreendido — documentos, dispositivos eletrônicos e registros contábeis — deve passar por perícia para rastrear o fluxo financeiro da organização.

A operação integra o conjunto de ações que o Deic tem intensificado nos últimos meses para atingir o setor financeiro do crime organizado, considerado um dos pilares de sustentação de facções que atuam no estado.