Agência Brasil | 04 de dezembro de 2025 - 07h20

Dia do Orientador Educacional destaca papel crucial no bem-estar e aprendizado dos alunos

Profissão cresce com foco em saúde emocional, acolhimento e mediação entre escola, estudantes e famílias

EDUCAÇÃO
Profissão de orientador educacional ganha protagonismo com foco em saúde emocional e mediação nas escolas. - (Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil)

Nesta quinta-feira, 4 de dezembro, é celebrado o Dia do Orientador Educacional — uma data que evidencia o papel essencial desses profissionais no ambiente escolar. Atuando diretamente no apoio aos estudantes, no acolhimento emocional e na mediação de conflitos, o orientador educacional também colabora com professores, gestores e famílias para garantir um desenvolvimento integral da criança e do adolescente.

Composto majoritariamente por mulheres — cerca de 78% dos 81 mil profissionais registrados, segundo o Caged —, o campo avança em meio à expansão do ensino integral e da valorização de competências socioemocionais no currículo das escolas.

Se no passado a orientação educacional era frequentemente associada à disciplina e ao apoio em dificuldades escolares, hoje a atuação ganhou novas dimensões. Para Ana Claudia Favano, psicóloga e gestora da Escola Internacional de Alphaville, em Barueri (SP), a transformação da educação exige que o olhar sobre o estudante vá além do conteúdo acadêmico.

“Acredito que a orientação educacional evoluiu com a necessidade de acompanhar as crianças e os jovens em seu desenvolvimento integral. A educação se transformou e hoje as escolas são fundamentais para promover o autoconhecimento, habilidades emocionais e de vida”, explica.

Ana Cláudia vê sua atuação como a de uma “promotora de cultura do bem-estar”, refletindo a tendência de escolas que se voltam mais para o aluno enquanto sujeito, e não apenas como receptor de conhecimento. Nesse processo, o acolhimento surge como um dos elementos mais valorizados.

Isis Galindo, orientadora educacional da Escola Bilíngue Aubrick, em São Paulo, destaca o impacto de uma escuta atenta e sensível no cotidiano escolar. “Minha vivência como orientadora me revelou o poder transformador do olhar atento, da escuta afetiva e do cuidado genuíno. São gestos que, embora simples, têm impacto profundo na trajetória de estudantes que encontraram em mim um ponto seguro de apoio”, afirma.

Ela reforça que o orientador atua como um mediador entre diferentes esferas: alunos, professores, famílias e até mesmo profissionais externos, como psicólogos, fonoaudiólogos e psicopedagogos. “É uma rede de apoio que sustenta o desenvolvimento global de cada criança e adolescente, com estratégias personalizadas”, completa.

A atuação do orientador também se estende às questões de aprendizagem. O professor de matemática Carlos Augusto Lima, da Brazilian International School, em São Paulo, ingressou na área justamente por conta dos desafios pedagógicos enfrentados em sala. Ele buscou formação complementar em psicopedagogia e psicologia da educação para compreender melhor os bloqueios e dificuldades dos estudantes.

“Também faz parte do papel do orientador colaborar com professores e a equipe escolar para identificar e lidar com os desafios de aprendizagem, trabalhando em parceria com os pais e oferecendo informações sobre desenvolvimento acadêmico e comportamental”, afirma.

Para Lima, o desafio atual mais urgente é lidar com a saúde emocional dos estudantes. “Percebo que muita coisa que o aluno traz para dentro da sala de aula fica ali escondida e passa desapercebido pelo professor, naqueles 45, 50 minutos. É aí que o orientador entra”, pontua.

Desde que foi oficialmente reconhecida no Brasil, na década de 1960, a orientação educacional tem se modernizado e se conectado a diversas outras áreas do conhecimento. Hoje, além do foco no desempenho escolar, o orientador educacional está no centro das estratégias escolares voltadas à saúde mental, combate ao bullying, mediação de conflitos, apoio familiar e desenvolvimento de projetos de vida.

O avanço da educação integral e a crescente demanda por ambientes escolares mais humanos e acolhedores tendem a tornar esses profissionais ainda mais indispensáveis no cotidiano das escolas.