O domínio da inteligência artificial (IA) já é visto por 80% dos jovens brasileiros como um diferencial competitivo no mercado de trabalho. É o que aponta uma pesquisa divulgada nesta quarta-feira (3), realizada pela consultoria Nexus em parceria com a Demà. O levantamento ouviu 2.016 jovens com idades entre 14 e 29 anos, nas 27 unidades da federação, entre os dias 14 e 20 de julho, com margem de erro de dois pontos percentuais e 95% de nível de confiança.

Apenas 11% dos entrevistados afirmaram que o conhecimento em IA não faz diferença na hora de conseguir emprego. Para 3%, esse tipo de habilidade pode até ser prejudicial, e 2% não souberam opinar.

O estudo também revelou que a IA está cada vez mais presente na rotina dos jovens, especialmente em atividades de estudo e aprendizado. Para 69% dos entrevistados, essas tecnologias podem ajudar no processo educacional. Por outro lado, 24% consideram que as ferramentas podem atrapalhar, enquanto 7% não souberam ou preferiram não responder.

A maioria (83%) afirma usar IA para realizar pesquisas acadêmicas ou gerais. Outros 71% utilizam os recursos para facilitar o dever de casa, a elaboração de trabalhos e o preparo para provas, tanto em escolas quanto em faculdades e cursos técnicos.

O uso da IA para tradução de textos foi mencionado por 70% dos jovens, e 67% disseram usar a tecnologia para resumir ou revisar conteúdos. A criação de ideias com apoio da IA aparece como prática comum para 66% dos entrevistados, enquanto 63% utilizam para gerar imagens, 62% para escrever novos textos e 52% para elaborar apresentações ou relatórios.

Para o diretor da Demà, Juan Carlos Moreno, os dados confirmam a consolidação da inteligência artificial no cotidiano de adolescentes e jovens adultos, sobretudo no ambiente educacional.

“É muito representativo que pelo menos metade dos entrevistados confirme que usa IA de alguma forma. Sem dúvida, a inteligência artificial é um agente facilitador das nossas demandas diárias, um aliado da eficiência e produtividade. São percepções claramente refletidas nessa pesquisa, que mostra, por exemplo, que a grande maioria dos adolescentes utiliza IA para ajudar no dever de casa. A IA veio para ficar e transformar as nossas jornadas, principalmente as de aprendizado”, afirmou Moreno.

O levantamento reforça que os jovens brasileiros já percebem a relação direta entre o domínio de tecnologias emergentes, como a inteligência artificial, e as oportunidades no mercado de trabalho. O dado de que 80% dos entrevistados veem essa habilidade como relevante para empregabilidade demonstra um comportamento alinhado às novas exigências do mundo corporativo e acadêmico.

Com o avanço da IA em diferentes setores, desde serviços até indústrias criativas, o conhecimento técnico sobre ferramentas como assistentes virtuais, plataformas de automação e geradores de conteúdo se torna cada vez mais valorizado por recrutadores e instituições.

A pesquisa revela um retrato de uma geração que já nasceu conectada e que rapidamente incorpora as transformações tecnológicas. A inteligência artificial não é vista apenas como ferramenta de apoio, mas como parte essencial da jornada educacional e profissional. E, ao contrário de gerações anteriores, os jovens de hoje encaram a IA como uma aliada — mesmo que ainda reste espaço para reflexão crítica sobre seus limites e impactos.