Operação integrada antecipa combate e Pantanal tem menor número de focos desde 1998
Planejamento, articulação entre instituições e resposta rápida evitaram catástrofes em 2025; área queimada caiu mais de 90% em relação a 2024
PLANEJAMENTOCom lições aprendidas após o devastador 2024, Mato Grosso do Sul entrou em 2025 preparado para enfrentar o pior cenário possível em relação aos incêndios florestais.
Bases avançadas foram montadas antes da estiagem, brigadas foram treinadas em larga escala e uma força-tarefa interinstitucional foi acionada com meses de antecedência. O resultado fez com que MS registrasse o menor número de focos de calor desde 1998 e uma queda de mais de 90% na área queimada em relação ao ano anterior.
Além disso, a área queimada até 2 de dezembro soma 202.678 hectares, o menor dado desde 2018 e drasticamente inferior aos 2.325.974 hectares destruídos em 2024, o ano mais devastador da história recente. A combinação de fatores como ação integrada, resposta rápida, conscientização e investimentos no combate resultou em redução significativa dos danos ambientais e à biodiversidade.
De acordo com o meteorologista do Centro de Monitoramento de Tempo e Clima de Mato Grosso do Sul (Cemtec), Vinícius Sperling, o suporte climático foi essencial para orientar o planejamento estratégico das equipes de combate.
"Os incêndios florestais estão diretamente ligados às condições climáticas. Por isso, o monitoramento contínuo de chuvas, temperatura e secas, com dados obtidos por estações meteorológicas e satélites, permite fornecer informações precisas aos órgãos de resposta", afirmou.
Ele destacou ainda que, apesar da redução dos focos, o Pantanal segue em alerta, devido à irregularidade das chuvas na região. “O cenário melhorou em relação ao ano passado, mas a distribuição das chuvas ainda é desigual no bioma pantaneiro, o que exige atenção contínua”, alertou.
O balanço operacional do Corpo de Bombeiros Militar de Mato Grosso do Sul (CBMMS) revelou a mobilização de 1.298 militares, 60 viaturas e a formação de 929 brigadistas em 2025. As ações envolveram manejo de fogo controlado em 1.150 hectares e o monitoramento de 924 eventos de fogo, dos quais 88 exigiram combate direto com aplicação de diferentes estratégias, como aceiros e linhas de defesa.
Segundo o subdiretor da Diretoria de Proteção Ambiental do CBMMS, major Eduardo Rachid Teixeira, o sucesso da operação é reflexo da articulação institucional e do planejamento antecipado. "Embora não tenhamos enfrentado o pior cenário climático possível, a estrutura montada permitiu que ficássemos muito próximos do melhor resultado histórico. Essa integração entre as instituições foi fundamental para os bons resultados", avaliou.
O gerente de unidades de conservação do Imasul, Leonardo Tostes, atribuiu a redução dos incêndios a uma série de medidas integradas de prevenção. "Investimos em queima prescrita em áreas sensíveis, monitoramento via satélite e ampliação da sala de situação equipada com tecnologia de ponta. Além disso, fortalecemos a comunicação com a população e apostamos na educação ambiental como ferramenta de longo prazo", explicou.
Ele informou que cerca de 1.500 hectares foram submetidos à queima controlada e que o órgão segue realizando fiscalização em parceria com a Polícia Militar Ambiental. “A ideia é transformar a prevenção em política permanente, não apenas uma resposta pontual”, pontuou Tostes.
Cooperação institucional é destaque na operação de 2025 - O tenente-coronel Leonardo Congro, presidente do Comitê do Fogo, ressaltou a importância da cooperação entre os entes públicos, organizações da sociedade civil e setor produtivo.
"O que observamos em 2025 é resultado de um trabalho integrado iniciado ainda em 2021, que se intensificou após os incêndios devastadores de 2020. A atuação conjunta entre bombeiros, órgãos ambientais e demais parceiros permitiu respostas mais rápidas e efetivas", afirmou.
Congro acrescentou que o planejamento já está em curso para 2026, com foco no manejo integrado do fogo e na adoção de queimas prescritas durante o período de chuvas. “Não existe mais temporada de incêndios. Trabalhamos com a ideia de que o combate e a prevenção devem ocorrer o ano inteiro”, concluiu.
Entre os principais elementos que explicam o desempenho da Operação Pantanal 2025 estão:
A antecipação do planejamento tático-operacional;
A formação de quase mil brigadistas ao longo do ano;
A integração entre as instituições públicas e privadas;
O uso de dados meteorológicos para tomada de decisão;
A intensificação da fiscalização e aplicação de queima prescrita;
E a mobilização de bases avançadas em áreas críticas.