03 de dezembro de 2025 - 11h20

Diretores e gerentes negros ganham 34% menos que brancos, revela IBGE

Estudo do IBGE revela que brancos seguem recebendo mais que negros em todos os grupos ocupacionais, mesmo com ensino superior completo

DESIGUALDADE SALARIAL
Mesmo com ensino superior, negros recebem menos que brancos em cargos equivalentes, aponta IBGE - (Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil)

Pessoas pretas ou pardas em cargos de gerência e direção no Brasil receberam, em média, 34% menos que brancos nessas mesmas funções em 2024, segundo levantamento divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Enquanto o rendimento mensal médio dos brancos nesses cargos foi de R$ 9.831, o de pretos e pardos ficou em R$ 6.446, uma diferença de R$ 3.385.

Os dados fazem parte da Síntese de Indicadores Sociais, publicada nesta quarta-feira (3), e revelam que a desigualdade racial persiste de forma significativa no mercado de trabalho. A disparidade, embora um pouco menor do que a registrada em 2012, quando era de 39%, praticamente não mudou desde 2023, quando foi de 33%.

O estudo analisou dez grandes grupos ocupacionais e constatou que, em todos eles, os trabalhadores brancos recebem salários mais altos. A segunda maior diferença salarial foi registrada entre profissionais das ciências e intelectuais: R$ 7.412 para brancos contra R$ 5.192 para pretos ou pardos. A menor diferença ocorreu entre membros das forças armadas, policiais e bombeiros militares, onde os brancos ganham R$ 934 a mais.

O levantamento mostra ainda que a população negra é menos representada nos cargos de maior remuneração e mais presente em ocupações com menores salários. Apenas 8,6% dos trabalhadores pretos ou pardos atuam como diretores ou gerentes, enquanto entre brancos essa proporção é de 17,7%. Por outro lado, 20,3% dos negros estão em ocupações classificadas como elementares, contra 10,9% dos brancos.

Mesmo entre pessoas com ensino superior completo, a diferença salarial permanece. O rendimento médio por hora dos brancos com diploma universitário chega a R$ 43,20, contra R$ 29,90 entre os negros, uma diferença de 44,6%.

O pesquisador João Hallak Neto, responsável pelo estudo, aponta que fatores como inserção no mercado de trabalho e progressão de carreira contribuem para a manutenção dessas desigualdades. Ele destaca que não basta apenas o grau de instrução, sendo determinante o tipo de ocupação exercida.

O estudo também mostra que pretos e pardos estão mais expostos à informalidade. A taxa de informalidade para esse grupo é de 45,6%, bem acima dos 34% registrados entre trabalhadores brancos. A média nacional é de 40,6%.

Os dados reforçam que, apesar de avanços pontuais, o Brasil ainda enfrenta um cenário persistente de desigualdade racial no mercado de trabalho, afetando o acesso a oportunidades, salários e estabilidade profissional para a população negra.