Messias intensifica articulação com evangélicos após adiamento de sabatina no Senado
Indicado ao STF, Jorge Messias participou de jantar com ministros e senadores em busca de apoio político; base evangélica segue como foco de resistência
POLÍTICAIndicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF), o advogado-geral da União, Jorge Messias, participou na noite desta terça-feira (2) de um jantar em Brasília com ministros da Corte, parlamentares, pastores evangélicos e aliados políticos. A reunião, articulada pelo senador Carlos Viana (Podemos-MG), foi um esforço para consolidar apoio à sua sabatina no Senado, ainda sem nova data após adiamento anunciado pelo presidente da Casa, Davi Alcolumbre (União-AP).
Estiveram presentes os ministros do STF André Mendonça e Cristiano Zanin, o relator da indicação, senador Weverton Rocha (PDT-MA), além de parlamentares ligados à bancada evangélica, como Otoni de Paula (MDB-RJ), Marcos Pereira (Republicanos-SP) e Eliziane Gama (PSD-MA). Também participaram os pastores Robson Rodovalho, da Igreja Sara Nossa Terra, e Sergio Carazza, da Igreja Batista Cristã de Brasília, que Messias frequenta.
O encontro foi marcado por conversas individuais, e Messias preferiu não discursar formalmente. Segundo participantes, o objetivo central foi reforçar a imagem do indicado junto à comunidade evangélica, considerada por seus aliados a base mais resistente à sua nomeação. O movimento tenta neutralizar críticas vindas da ala bolsonarista e de setores conservadores que o associam ao campo progressista e ao apoio a pautas como a descriminalização do aborto.
A resistência ganhou força após um episódio em 2024, quando a Advocacia-Geral da União enviou manifestação ao STF questionando uma resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM) sobre a assistolia fetal, procedimento usado para a interrupção legal da gravidez. A atuação da AGU foi interpretada por setores conservadores como apoio a práticas contrárias aos valores da bancada evangélica.
Nos bastidores, aliados de Messias avaliam que o adiamento da sabatina favorece a articulação política e o convencimento de parlamentares ainda indecisos. O próprio senador Otoni de Paula afirmou que o momento agora é de “desfazer ideias equivocadas” e ampliar o diálogo com setores refratários à indicação.
O jantar ocorreu no mesmo dia em que Messias teve um encontro com o presidente do CFM, José Hiran Gallo, em uma tentativa de esclarecer as controvérsias em torno do tema do aborto. A reunião, segundo interlocutores, foi considerada um avanço no processo de construção de pontes com setores críticos à sua nomeação.
A sabatina na Comissão de Constituição e Justiça do Senado estava inicialmente prevista para o dia 10 de dezembro. Para ser aprovado, Jorge Messias precisa do apoio de ao menos 41 dos 81 senadores. Com o adiamento, ainda sem nova data definida, a articulação continua nos bastidores, com foco especial na bancada evangélica, que tem dividido opiniões sobre o nome do atual advogado-geral da União.