Iury de Oliveira | 03 de dezembro de 2025 - 07h45

PF mira quadrilha que movimentou R$ 40 milhões em contrabando e lavagem de dinheiro

Investigação aponta que grupo usava empresas de fachada e marketplaces para escoar produtos ilegais

CRIME ORGANIZADO
Viaturas durante operação na manhã desta quarta-feira - (Foto: Divulgação)

A Polícia Federal e a Receita Federal deflagraram, nesta quarta-feira (3), a Operação Uxoris para desmantelar uma organização criminosa especializada em contrabando e crimes financeiros. O grupo, que operava a partir de Campo Grande (MS), é suspeito de movimentar cerca de R$ 40 milhões com mercadorias ilegais importadas sem qualquer documentação fiscal.

As ações ocorrem simultaneamente em Mato Grosso do Sul e São Paulo, com o cumprimento de nove mandados de busca e apreensão em residências e estabelecimentos comerciais ligados ao esquema. Os mandados foram expedidos pela Justiça Federal, que também determinou o sequestro de bens, imóveis, veículos e valores pertencentes a 20 pessoas físicas e jurídicas, além da suspensão das atividades de 14 empresas envolvidas.

De acordo com a Polícia Federal, a quadrilha atuava de forma estruturada, realizando importações fraudulentas de grandes volumes de produtos estrangeiros, que entravam no país sem registro nos órgãos de controle aduaneiro. Os itens – como capinhas de celular, eletrônicos e outros – eram distribuídos em lojas físicas localizadas em Campo Grande e por meio de plataformas de marketplace, alcançando consumidores em todo o território nacional.

As investigações apontam que os pagamentos pelas mercadorias importadas eram realizados de forma clandestina, utilizando a prática do "dólar-cabo" – um método de remessa ilegal de dinheiro ao exterior, por meio de compensações financeiras que escapam do sistema bancário oficial.

PF faz operação contra organização criminosa, lavagem de dinheiro, contrabando, descaminho e fraudes no sistema financeiro nacional. — Foto: Polícia Federal

Além disso, o grupo utilizava empresas de fachada e operações simuladas para ocultar a origem ilícita dos recursos obtidos com o comércio dos produtos. Segundo a Delefaz (Delegacia de Repressão a Crimes Fazendários), essa engenharia financeira visava à lavagem de capitais, burlando a fiscalização e dificultando o rastreamento do dinheiro.

O nome da operação, "Uxoris", vem do latim e faz referência à origem da investigação: a denúncia feita pela ex-esposa do principal articulador do esquema. Ela relatou às autoridades que teve seus documentos usados de forma indevida para abertura de empresas fantasmas, com o objetivo de dar aparência legal às atividades da quadrilha.

Durante as diligências, os agentes cumpriram mandados em pontos estratégicos da capital sul-mato-grossense, como um imóvel na Avenida Afonso Pena, onde foram apreendidas diversas mercadorias, e também na região da Avenida Guaicurus. As buscas continuam para identificar outros envolvidos e aprofundar as apurações sobre o funcionamento da rede criminosa.

A operação revela mais um capítulo da atuação integrada entre Polícia Federal e Receita Federal no combate a crimes contra o sistema financeiro e à ordem tributária. Os investigados devem responder por contrabando, descaminho, lavagem de dinheiro, organização criminosa e outros delitos conexos.