Mulheres líderes destacam desafios e avanços por equidade no mercado de trabalho
Relatos emocionantes mostram como políticas de inclusão transformam carreiras e impactam a sociedade
IGUALDADE DE GÊNERODurante seminário realizado nesta terça-feira (2), em Brasília, mulheres que ocupam cargos de liderança em grandes empresas do país compartilharam experiências sobre os desafios enfrentados na busca por igualdade de gênero e raça no ambiente corporativo. O encontro fez parte da agenda do Programa Pró-Equidade de Gênero e Raça, promovido pelo Ministério das Mulheres, e reforçou a importância de políticas públicas e culturais dentro das organizações.
Alessandra Souza, vice-presidente de Marketing e Comunicação de Marca de uma montadora multinacional, contou como precisou romper padrões para encontrar seu espaço. “Eu sofria, de forma muito sutil, uma tendência à masculinização da minha gestão”, recorda. Segundo ela, sua carreira ganhou novo fôlego quando abandonou a tentativa de se moldar a um perfil que não condizia com sua identidade. “Deixei de tentar me encaixar em padrões que não serviam para mim e tão pouco agregavam valor onde eu estava”, explicou.
Outro relato marcante foi o de Ana Paula Repezza, diretora de negócios da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil). Ela voltou de licença-maternidade para alcançar o auge da carreira e acredita que a experiência familiar aprimorou sua liderança. “Nos tornamos líderes melhores quando enfrentamos o desafio de conciliar família e trabalho. Aprendemos a delegar, a confiar nas pessoas e a olhar para outras mulheres da forma como queremos ser olhadas”, afirmou.
Ambas atuam em instituições participantes da 7ª edição do Programa Pró-Equidade de Gênero e Raça, que certifica organizações comprometidas com a construção de ambientes de trabalho mais justos, diversos e inclusivos.
Apesar dos avanços, os números revelam que o cenário ainda exige mudanças profundas. De acordo com o 4º Relatório de Transparência Salarial e Critérios Remuneratórios, divulgado pelo Ministério do Trabalho e Emprego, as mulheres recebem, em média, 21,2% a menos que os homens. A diferença se mantém mesmo em empresas de grande porte: elas ganham R$ 3.908,76 contra R$ 4.958,43 dos colegas homens.
Atualmente, 88 empresas das cinco regiões do Brasil participam ativamente do Programa Pró-Equidade. Desde sua criação, em sete edições, 246 organizações aderiram à iniciativa, incluindo nove que acompanham o programa desde o início.
Uma das participantes é a Caixa Econômica Federal, onde Glenda Nóbrega atua como gerente executiva de Diversidade e Inclusão. Para ela, o ambiente corporativo precisa ser preparado para oferecer oportunidades reais a todos os perfis. “Na minha trajetória, três coisas foram fundamentais: ter pessoas que me impulsionassem, estar preparada para as oportunidades e trabalhar em uma empresa que promove um ambiente favorável ao nosso crescimento”, avaliou.
Na Embrapa Tabuleiros Costeiros, a diretora de administração Tereza Cristina de Oliveira reforçou que mulheres em cargos de liderança têm papel essencial na multiplicação de oportunidades. “As mudanças sociais dependem do nosso envolvimento, da nossa luta e das nossas escolhas. Se não houver clareza disso, não estamos fazendo nada”, afirmou.
O seminário reforçou que combater as desigualdades de gênero e raça vai além da justiça social: promove inovação, engajamento e resultados sustentáveis para empresas e para a sociedade. O Programa Pró-Equidade, ao certificar boas práticas com o Selo de Igualdade, reconhece que a transformação começa dentro das organizações — mas precisa alcançar a vida de todas as pessoas.