O Pantanal é feito de águas, bichos e lembranças. Entre uma curva de rio e outra, a saudade também faz morada. Foi assim que Luciano Leite de Barros virou música. O pecuarista, conhecido entre amigos e pantaneiros, foi homenageado com a canção “Canarinho Pantaneiro”, criada pelo jornalista Dener Dias, que também é coordenador de comunicação do Grupo Real.

A música apareceu de surpresa durante a Cavalgada Pelo Pantanal, na Fazenda Baía das Pedras. Dener, montado com a tralha de arreio que pertencia a Luciano, cantou ali mesmo, no meio da poeira e da emoção. O gesto, sem ensaio, virou um marco. Agora, “Canarinho Pantaneiro” vai chegar ao Spotify, ganhando o mundo pela força das memórias.

O nome da canção vem do apelido do avião amarelo que Luciano pilotava. O Canarinho cruzava o céu do Pantanal como sinal de festa, amizade e encontros. Foi assim que Dener o conheceu, nos anos 2000, ainda jovem, passando férias na fazenda Corixão.

Mais tarde, na Rancharia, o reencontro. Dener chegou a cavalo, mal acomodado na sela. Luciano, direto como era, soltou: “Do jeito que ocê tá malasentado nesse burro, vi que não era pantaneiro”. A frase virou piada, e depois amizade.

Luciano morreu em 2021, vítima de câncer. No velório, a pedido da família, Dener tocou Poeira Branca. A dor virou vontade de cantar. Nasceu então “Canarinho Pantaneiro”, canção que fala da égua Xinoca, dos vôos de Luciano, do riso fácil e do coração aberto.

Durante a cavalgada, outro detalhe carregado de memória: Leo, filho de Luciano, emprestou a Dener a tralha usada por seu pai, sem saber da música. A coincidência virou símbolo.

Luciano virou lembrança viva no Pantanal. E agora virou música.