Michelle mantém críticas a aliança com Ciro e pede compreensão aos filhos de Bolsonaro
Ex-primeira-dama diz ter direito de discordar de articulação do PL e afirma que não pretendeu contrariar enteados
POLÍTICAA ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro reafirmou, nesta terça-feira, 2, a crítica à articulação do PL para firmar uma aliança com o ex-ministro Ciro Gomes (PSDB) no Ceará. A manifestação foi publicada nas redes sociais após os filhos de Jair Bolsonaro reagirem negativamente às declarações feitas por ela no fim de semana.
No texto, Michelle diz respeitar a opinião dos enteados, mas reforça que pensa de forma distinta e tem o direito de expressar sua posição “com liberdade e sinceridade”. Ela acrescenta que não desejava contrariá-los: “Peço aos meus enteados que me entendam e me perdoem. Não foi minha intenção contrariá-los”.
A tensão teve início no domingo, 30, quando Michelle esteve em Fortaleza para o lançamento da pré-candidatura do senador Eduardo Girão (Novo) ao governo do Estado. No evento, ela criticou o deputado André Fernandes (PL-CE) pelo movimento de aproximação com Ciro, destacando que o ex-ministro “sempre atacou” Jair Bolsonaro.
A fala gerou incômodo no PL cearense. Após o ato, Fernandes afirmou que o próprio ex-presidente havia pedido para ele contatar Ciro por viva-voz, como parte das tratativas para alinhamento contra o PT em 2026. Hoje no PSDB, Ciro vinha conversando com dirigentes do PL, União Brasil e Progressistas na construção de uma frente oposicionista no Estado.
A repercussão levou Flávio Bolsonaro, Eduardo Bolsonaro e Carlos Bolsonaro a defenderem o deputado cearense, ressaltando que a aproximação contava com anuência do pai.
Michelle, porém, manteve a discordância. “Tenho o direito de não aceitar isso, ainda que essa fosse a vontade do Jair (ele não me falou se é)”, escreveu. Ela também afirmou que, no episódio de Fortaleza, agiu como esposa defendendo o marido e a família de alguém “que sempre nos atacou”.
O impasse será tratado em reunião marcada para esta terça-feira na sede nacional do PL, em Brasília, com a presença do presidente da sigla, Valdemar Costa Neto, do secretário-geral Rogério Marinho, além de Flávio e Michelle.
A discussão reacende divergências internas no PL e na própria família Bolsonaro sobre como preservar a influência política do ex-presidente, que cumpre pena em regime fechado. Aliados de Michelle lembram que foi o PDT, partido de Ciro, quem ingressou com a ação eleitoral que resultou na inelegibilidade de Bolsonaro após a reunião com embaixadores em 2022.