Redação | 02 de dezembro de 2025 - 10h45

Depoimento revela roubo de muambeiras e esquema de propina em MS

Após prisão em flagrante, policial do Garras confirma crimes contra contrabandistas na fronteira

FRONTEIRA CORROMPIDA
Pacote com maços de dinheiro apreendido pela Polícia Federal durante flagrante de propina em Campo Grande. Quantia totalizava R$ 160 mil. - (Foto: Divulgação)

No dia 28 de novembro, a Polícia Federal prendeu em flagrante o policial civil A.T.G.F., da delegacia especializada Garras, enquanto ele recebia um valor de R$ 160 mil em propina. A entrega aconteceu em um estacionamento de supermercado em Campo Grande. O dinheiro teria sido repassado pelo ex-guarda municipal M.R.S., investigado por contrabando e descaminho.

A denúncia chegou anonimamente à PF, que interceptou a transação e acionou o Ministério Público. A prisão preventiva dos dois foi decretada pela juíza federal J.L.M., que também autorizou a quebra de sigilo telefônico dos envolvidos.

Durante o interrogatório, A.T.G.F. confirmou a existência de roubos de mercadorias contrabandeadas na região. Segundo ele, esses crimes têm ocorrido com frequência. No depoimento, relatou que M.R.S. já havia sido vítima de uma dessas abordagens e citou que há muita ocorrência desse tipo de roubo. A declaração jogou luz sobre um episódio ocorrido em 5 de novembro, quando mulheres conhecidas como muambeiras foram assaltadas na entrada de Campo Grande por suspeitos armados que se passaram por policiais.

As vítimas, que traziam mercadorias do Paraguai, tiveram os produtos e os veículos levados. Os celulares também foram tomados e, depois, descartados. As imagens do crime foram registradas por câmeras de segurança. Até o início de dezembro, quase um mês depois, os carros ainda não tinham sido encontrados.

A Polícia Civil ainda não se manifestou sobre o caso. Questionada pela reportagem, a Defurv e a Corregedoria foram acionadas, mas não deram retorno.

Outro ponto que chamou atenção no caso foi a ligação de A.T.G.F. com o Ministério Público. O policial é casado com L.S., promotora de Justiça que, até 2024, chefiava o grupo responsável pelo controle externo da atividade policial no MPMS. Durante anos, ela acompanhou investigações contra abusos cometidos por agentes. Atualmente, está lotada na Corregedoria-Geral do MP.

Infográfico explica o flagrante da PF que levou à prisão de policial do Garras com R$ 160 mil em propina e revela conexões com roubos a contrabandistas em MS.