01 de dezembro de 2025 - 14h35

1ª Cúpula Popular do Brics começa no Rio com foco em sociedade civil

Evento reúne movimentos sociais para discutir cooperação econômica, geopolítica e redução da dependência do dólar nos países emergentes.

BRICS POPULAR
A 1ª Cúpula Popular do Brics no Rio de Janeiro reúne movimentos sociais para discutir cooperação econômica, geopolítica e sustentabilidade. - Tomaz Silva/Agência Brasil

Começou nesta segunda-feira (1º), no Armazém da Utopia, no centro do Rio de Janeiro, a 1ª Cúpula Popular do Brics, criada para integrar movimentos sociais ao bloco composto por 11 países do mercado emergente. O objetivo é articular a participação da sociedade civil na elaboração de propostas voltadas à cooperação do Sul Global.

Durante o encontro, serão debatidos temas como cooperação econômica e multilateralismo, construção da multipolaridade, reconfiguração da geopolítica mundial, desafios da governança global, o papel do Brics e a redução da dependência dos países emergentes em relação ao dólar americano nas transações internacionais.

O Conselho Civil Popular do Brics, criado em 2024 durante a cúpula em Kazan, na Rússia, promove o diálogo entre a sociedade civil e os governos do bloco. Segundo os organizadores, o conselho “é um marco na consolidação da participação da sociedade organizada nas discussões do bloco e visa dar voz a movimentos populares, estudantes, professores e ONGs nas pautas estratégicas do agrupamento”.

A ex-presidenta Dilma Rousseff, em vídeo enviado à abertura, destacou que a cúpula inaugura um canal permanente de diálogo entre os povos dos países do Brics e as instâncias decisórias do bloco. “Pela primeira vez, os povos dispõem de um canal permanente de diálogo com os governos e as instâncias decisórias do agrupamento”, afirmou.

João Pedro Stedile, da direção nacional do MST e do Conselho Civil do Brics no Brasil, explicou que a cúpula deve formalizar o conselho civil, definindo um modus operandi para o novo mandato da Índia, que assume a presidência do bloco no próximo ano. “Sem a mobilização da sociedade civil, alguns temas, como defesa da natureza e construção de moradia popular, não podem ser resolvidos. Vamos analisar questões globais e também temas que a sociedade civil pode ajudar a solucionar”, disse.

Os países membros do bloco são líderes na produção de grãos, carnes, fertilizantes e fibras, respondendo por cerca de 70% da produção agrícola mundial. Além disso, concentram mais da metade da agricultura familiar do planeta, gerando aproximadamente 80% do valor da produção global de alimentos. Essa posição estratégica reforça a responsabilidade do bloco na construção de sistemas alimentares sustentáveis e equitativos, pautas que o Conselho Popular do Brics busca integrar nas discussões.