Victor Ohana | 01 de dezembro de 2025 - 14h30

André Mendonça critica ausência de políticas para geração de riqueza no Brasil

Ministro do STF diz que país foca na distribuição sem planejamento para crescimento econômico de longo prazo

ECONOMIA E ESTADO
Ministro do STF, André Mendonça, criticou falta de planejamento para geração de riqueza no Brasil - (Foto: Wilton Junior/Estadão)

Durante participação no evento Arko Talks 2025, realizado nesta segunda-feira (1º), o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) André Mendonça afirmou que o Brasil vive um “descompasso” ao manter uma política sólida de distribuição de riqueza sem que exista, na mesma proporção, um plano estruturado de geração de riqueza.

Segundo o magistrado, o país carece de um projeto de desenvolvimento econômico de médio e longo prazo. “Não temos hoje um planejamento efetivo de dois, cinco, dez anos, do que queremos em termos de política econômica, de desenvolvimento e de geração de bem-estar para o nosso País”, declarou.

Distribuir sem gerar é insustentável, diz ministro - Ao fazer uma reflexão sobre os desafios do Estado Democrático de Direito, Mendonça criticou a falta de políticas que incentivem o crescimento e a produção de riquezas no Brasil, especialmente diante do aumento das demandas por políticas sociais.

“Então, eu não tenho uma política de geração de riquezas. Em contrapartida, eu tenho uma política muito sólida de distribuição da riqueza já produzida. Isso acaba gerando um descompasso”, disse o ministro.

De acordo com ele, esse desequilíbrio tende a se agravar por conta do alto custo de manutenção do Estado brasileiro. “Esse descompasso se avoluma em função do tamanho e do dimensionamento do Estado, dos custos de manutenção do próprio Estado”, alertou.

Regulação deve impulsionar, não apenas fiscalizar - André Mendonça também defendeu que o papel das atividades reguladoras vá além da fiscalização. Para ele, é essencial que agências e órgãos reguladores atuem com foco no incentivo e no planejamento do desenvolvimento do país.

A fala do ministro ocorre em um momento de discussão nacional sobre responsabilidade fiscal, produtividade, tamanho do Estado e o papel do setor público na retomada do crescimento econômico.