Redação | 01 de dezembro de 2025 - 07h50

Hytalo Santos diz sentir 'constrangimento' ao responder por exploração sexual de menores

Influenciador insistiu que vídeos tinham caráter cultural, enquanto MP aponta esquema de exploração e lucro com conteúdo envolvendo adolescentes

GERAL
Hytalo e o marido foram detidos em Carapicuíba (SP) e hoje estão presos na Paraíba. - (Foto: Divulgação/Polícia Civil)

O influenciador digital Hytalo Santos, preso desde agosto e acusado de explorar sexualmente crianças e adolescentes, afirmou em depoimento à Justiça que se sente “constrangido” por responder ao processo. A declaração veio à tona neste domingo (30), em reportagem exibida pelo Fantástico. No interrogatório, Hytalo negou ter cometido crimes previstos no artigo 240 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que trata da produção e registro de pornografia infantil.

“Eu me sinto até um pouco constrangido por ter feito tanto por essas crianças, tanto por esses adolescentes que estão colocados aqui nos autos e ter que responder... me dói muito”, afirmou ao juiz. Ele negou que tenha produzido cenas de teor sexual e disse que apenas registrava a “rotina da cultura de periferia”.

Segundo o Ministério Público da Paraíba (MP-PB), porém, Hytalo e o marido, Israel Nata Vicente, conhecido como Euro, publicavam vídeos e fotos de jovens em danças sexualizadas dentro da casa onde viviam, em Bayeux (PB). O casal estaria sendo monitorado pelo órgão desde 2020, que já havia pedido limitações ao conteúdo postado. Para os promotores, os vídeos eram usados para gerar engajamento e lucro nas redes sociais.

O MP indiciou os dois pelos crimes de exploração sexual, produção e divulgação de pornografia infantil e tráfico humano. As investigações apontam ainda que adolescentes eram atraídos com promessas de projeção nas redes, vantagens financeiras e outros benefícios. Parte do grupo, segundo o Gaeco, passou por procedimentos estéticos e tatuagens com conotação sexual.

Ao se defender, Hytalo afirmou que não via caráter sexual no que gravava. Segundo ele, as coreografias fazem parte do brega funk e do ambiente cultural em que cresceu. “Entre Recife e João Pessoa, o ritmo mais escutado é o brega funk. As coreografias são vistas por alguns com esse olhar, mas pra gente que é da arte e da periferia, não.”

O juiz também perguntou se Hytalo considerava as letras das músicas “obscenas” ou “apelativas”. Ele negou e disse não ter estimulado adolescentes a manter qualquer tipo de relação sexual. “Nunca influenciei ninguém a ter relacionamento afetivo”, declarou.

Na sexta-feira (28), o Tribunal de Justiça da Paraíba rejeitou novo pedido da defesa para soltar o casal. Os advogados alegavam que o caso deveria ser julgado pela Justiça Federal, mas o magistrado entendeu que o argumento já havia sido analisado anteriormente e manteve a prisão preventiva.

Hytalo e Euro foram presos em Carapicuíba (SP) em agosto e atualmente cumprem prisão preventiva na Penitenciária Desembargador Flósculo da Nóbrega, em João Pessoa. No processo, o Ministério Público também pede indenização por danos coletivos no valor de R$ 10 milhões.