A Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul (ALEMS) promoveu nesta sexta-feira (28) uma palestra especial voltada à conscientização da saúde do homem, dentro das ações do Novembro Azul. O evento, organizado pela Escola do Legislativo Senador Ramez Tebet, ocorreu na sala multiuso da Casa de Leis e reuniu servidores e convidados interessados em entender mais sobre os cuidados preventivos com a saúde masculina.

Os médicos Henrique F. de Brito, pneumologista e especialista em Medicina do Sono, e André Domingos, urologista e professor universitário, conduziram as palestras com orientações claras sobre o panorama atual da saúde do homem, suas negligências e as doenças mais comuns que afetam esse público.

Cuidado com a saúde vai além do câncer de próstata - Henrique de Brito, médico do quadro da ALEMS, abordou a relação entre os homens e o autocuidado. “Nós que somos médicos, lidamos muito com a saúde das pessoas e percebemos que as mulheres são muito mais preocupadas que os homens na hora de cuidar da saúde. O Novembro Azul está aí não só para falar de câncer de próstata, mas da saúde do homem como um todo”, destacou o especialista.

O médico lembrou que a resistência do público masculino em buscar atendimento médico ainda é um obstáculo relevante para a prevenção de doenças. A campanha Novembro Azul, embora tradicionalmente associada ao câncer de próstata, é também um convite à mudança desse comportamento.

Prevenção e diagnóstico precoce salvam vidas - O urologista André Domingos iniciou sua apresentação ressaltando o papel da informação na transformação da saúde pública. “Gosto muito da Medicina de lidar com os pacientes e de ser professor. Também faz parte do nosso trabalho o esclarecimento da população”, disse.

Ele explicou que o Novembro Azul surgiu na Austrália, a partir da preocupação com o câncer de próstata, que é o tipo de tumor mais frequente entre homens a partir dos 40 anos. O médico detalhou os critérios para o início da investigação: “Para quem é do grupo de risco, ou seja, tem histórico de câncer de próstata na família, deve fazer os exames para pesquisa de tumores a partir dos 45. Se não fizerem parte do grupo de risco, todos os indivíduos devem fazer os exames a partir dos 50”.

Segundo Domingos, os exames iniciais incluem o PSA (Antígeno Prostático Específico) e o toque retal. “Depois desses exames, é feita a biópsia, de onde são tirados pequenos fragmentos da próstata e enviados para análise para saber qual o tratamento correto a cada caso, quando o tumor é maligno”, completou.

Além do câncer de próstata, André Domingos também falou sobre outras condições comuns entre os homens, como a hiperplasia prostática benigna — aumento benigno da próstata que pode dificultar a micção — e a disfunção erétil, que pode ter origem física ou emocional.

“Isso pode ser resolvido com remédios ou prótese peniana”, explicou o médico, destacando que o tratamento deve ser individualizado. Ele também alertou sobre os riscos da reposição hormonal feita sem critério, prática que vem crescendo nos últimos anos. “A indicação existe, mas não é para todos. Já chegou muito paciente em meu consultório com superdosagem na prescrição”, concluiu.

Campanhas ampliam diálogo e prevenção - A realização da palestra reflete a importância das campanhas de conscientização como instrumento de diálogo e mudança de comportamento. A Escola do Legislativo reforça seu papel educativo ao abrir espaço para temas sensíveis e, muitas vezes, negligenciados, como a saúde do homem.

Com abordagens médicas acessíveis e dados científicos, a ação do Novembro Azul na ALEMS contribui para quebrar o tabu em torno do autocuidado masculino e amplia a disseminação de informações fundamentais para a prevenção de doenças.