Redação | 28 de novembro de 2025 - 09h20

Reforma Tributária começa com alíquota simbólica em 2026 e exige atenção do varejo

Nova cobrança de 0,1% para CBS e IBS entra em vigor em janeiro de 2026 e vai exigir ajustes práticos de empresários e contadores

ALÍQUOTA ZERO
Auditório do Senac Hub Academy, em Campo Grande, durante o workshop sobre os impactos da Reforma Tributária no comércio e nos serviços. O evento reuniu empresários, contadores e especialistas no dia 27 de junho. - (Foto: Divulgação)

Na última quinta-feira (27), empresários, contadores, advogados e especialistas em direito tributário se reuniram no Senac Hub Academy, em Campo Grande. Eles participaram do workshop Reforma Tributária – impactos para o setor de comércio e serviços, promovido pela Fecomércio MS em parceria com a Confederação Nacional do Comércio (CNC). O evento foi híbrido, com transmissão online, e recebeu cerca de 100 pessoas presencialmente.

O foco do encontro foi discutir o impacto prático das mudanças que começam a valer em janeiro de 2026. Nessa primeira etapa, será aplicada uma alíquota simbólica de 0,1% sobre a Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS, de nível federal) e o Imposto sobre Bens e Serviços (IBS, que substitui ICMS e ISS). Essa cobrança será integralmente abatida dos tributos antigos, como PIS, Cofins, ICMS e ISS.

Mesmo com valor baixo, a medida exige atenção desde já. O advogado Rafael Pandolfo, especialista em direito tributário, alertou que é preciso fazer simulações com os custos e contratos atuais. Ele também recomenda renegociar preços com fornecedores, revisar acordos com clientes e adaptar o modelo de negócios ao novo regime.

Os palestrantes do evento sobre Reforma Tributária em Campo Grande. Da esquerda para a direita: o advogado Rafael Pandolfo, o desembargador Ary Raghiant Neto, a assessora da CNC Maria Clara Villasboas e o economista-chefe da CNC, Fábio Bentes

Segundo Pandolfo, essa fase inicial é apenas um ensaio do que virá a partir de 2033, quando o novo sistema tributário estará plenamente em vigor. A expectativa é que, até lá, as empresas consigam se adaptar, revisando regimes fiscais como o Simples Nacional, o MEI, o Lucro Presumido e o Lucro Real. A folha de pagamento, considerada o maior custo das empresas de serviços, continuará sendo um ponto sensível no novo modelo.

O presidente da Fecomércio MS, Edison Araújo, disse que a entidade acompanha o tema há mais de cinco anos e que continuará atuando para defender os empresários. Ele destacou que a carga tributária do Brasil já alcança 33,7% do PIB e, mesmo assim, o país segue enfrentando dificuldades para fechar as contas. Segundo ele, o setor terciário — que inclui comércio e serviços — pode ser um dos mais impactados, caso os custos tributários aumentem.

O economista-chefe da CNC, Fábio Bentes, reforçou a complexidade do sistema atual. Junto com a assessora de relações institucionais Maria Clara Moreira Villasboas Bomfim, ele apresentou estudos com simulações para diferentes perfis de empresas. Ambos defenderam uma atuação mais próxima do setor produtivo junto ao Congresso Nacional, já que os projetos de regulamentação seguem em debate.

O desembargador Ary Raghiant Neto, do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul, também participou do workshop. Ele explicou que a nova legislação terá impacto direto no contencioso administrativo e judicial. Para ele, o ideal é que os empresários comecem a reunir suas equipes de recursos humanos, tecnologia e contabilidade desde agora, para mapear as mudanças que afetam cada CNPJ.

Apesar das dúvidas, o evento trouxe um consenso: a reforma avança e os testes começam em breve. Em janeiro de 2026, o novo sistema dará os primeiros passos. Pequenos, mas obrigatórios.

 Os palestrantes do evento sobre Reforma Tributária em Campo Grande. Da esquerda para a direita: o advogado Rafael Pandolfo, o desembargador Ary Raghiant Neto, a assessora da CNC Maria Clara Villasboas e o economista-chefe da CNC, Fábio Bentes