MS Agro 2025 reúne setor produtivo para discutir economia e sustentabilidade
Evento na Famasul contou com palestra do economista Ricardo Amorim sobre economia mundial e seus reflexos no campo
MS AGRO 2025Nesta quinta-feira (27), no auditório da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul, Famasul, o MS Agro 2025 reuniu produtores rurais e representantes do setor produtivo para acompanhar a palestra do economista Ricardo Amorim, eleito pela Forbes como o analista econômico mais influente do país.
No encontro, Amorim apresentou a conferência “Cenários e Perspectivas para a Economia Mundial e Brasileira”, destacando tendências que devem impactar o agronegócio nos próximos anos e ressaltando a posição estratégica do Estado no desenvolvimento econômico nacional.
Ricardo Amorim destacou que, para alcançar um bom resultado, o produtor rural precisa concentrar seu tempo na produção e na gestão do próprio negócio, o que acaba impedindo que ele acompanhe com profundidade tudo o que ocorre fora da porteira. Ele explicou que o desempenho final do produtor depende diretamente de dois fatores: o volume que consegue produzir e os custos envolvidos no processo.
“No final das contas, o produtor consegue aumentar seu resultado de três formas: produzindo mais, reduzindo custos e aumentando o preço de venda. Reduzir custos tem um lado produtivo e um lado financeiro. Já vender melhor significa entender os ciclos de mercado e suas oportunidades”, ressaltou.
O economista destacou que aspectos de gestão e de mercado, aqueles que acontecem fora da porteira, têm grande impacto no resultado financeiro do produtor, mas exigem um nível de acompanhamento que ele, muitas vezes, não tem tempo de aprofundar.
Amorim apontou que uma tendência relevante teve início ainda no governo Donald Trump: a desvalorização global do dólar. Ele destacou que a moeda americana vem perdendo força não apenas no Brasil, mas em diversos países, movimento que, segundo sua avaliação, deve continuar, já que uma das metas de Trump é reduzir o déficit externo dos Estados Unidos.
“O café já subiu bastante nos últimos trimestres. A proteína animal também está com preços melhores. Mas soja, milho e açúcar ainda estão para baixo. A tendência é de recuperação de preços para o produtor do Mato Grosso do Sul”, destacou.
O economista explicou que a desvalorização do dólar torna os produtos cotados na moeda americana mais baratos no mercado internacional, o que aumenta o consumo. Segundo Amorim, esse movimento deve reverter a queda de preços das commodities agrícolas registrada nos últimos dois ou três anos.
O presidente da Famasul, Marcelo Bertoni, também apontou que muitos produtores dedicam-se exclusivamente às atividades de produção e, por isso, têm dificuldade em acompanhar o cenário global e as possíveis mudanças que podem afetar a produção que só será colhida e comercializada no ano seguinte. Ele afirmou que questões como decisões de trava, projeções de mercado, tendências de preços e movimentos de países como China e Estados Unidos geram dúvidas e insegurança no setor.
Por isso, segundo o presidente, o objetivo do evento é oferecer uma visão mais ampla do que pode ocorrer no próximo ano, não como previsão exata, mas como apoio para tornar as decisões do produtor mais assertivas.
Sobre o endurecimento das regras ambientais, as demandas internacionais e as iniciativas que a Famasul está desenvolvendo para apoiar o produtor na regularização ambiental, Bertoni afirmou: “Uma das respostas foi a derrubada de hoje de 59 vetos do licenciamento ambiental. Nós trabalhamos muito lá atrás junto com a senadora Tereza Cristina, não só a Federação, mas a CNA também, onde foi construída toda a lei do licenciamento. Nós conseguimos aprovar no Senado, aprovou na Câmara dos Deputados, houve os vetos do presidente, foram 63 vetos em cima dessa proposta, e hoje nós conseguimos derrubar 59 dos 63 vetos, trazendo uma agilidade no licenciamento ambiental".
Bertoni reforçou que a derrubada dos vetos ao licenciamento ambiental não representa um afrouxamento das regras, lembrando que o Brasil possui um dos códigos florestais mais rígidos do mundo. Ele explicou que a mudança busca acelerar processos que permaneciam parados por cinco ou seis anos, sem uma definição adequada, e que essa agilidade é essencial para garantir o desenvolvimento do país, especialmente no setor produtivo.
O presidente também destacou que áreas como ferrovias e hidrovias estavam travadas devido à morosidade dos licenciamentos e que, sem a modernização dessas normas, o Brasil não consegue avançar com a velocidade necessária.