Gleisi Hoffmann critica derrubada de vetos ao PL do licenciamento ambiental: 'Perda para o Brasil'
Para a ministra, a decisão do Congresso fragiliza a proteção ambiental e ameaça direitos de povos indígenas e comunidades quilombolas.
DESMONTE AMBIENTALA ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, afirmou nesta última quinta-feira (27) que a derrubada dos vetos à Lei de Licenciamento Ambiental, aprovada pelo Congresso Nacional, representa uma perda não para o governo federal, mas para o Brasil.
“Perdem o meio ambiente, a proteção dos nossos biomas, a segurança dos alimentos e da saúde da população, os indígenas e quilombolas, a reputação dos produtos que exportamos”, declarou a ministra.
A declaração foi feita após o Congresso rejeitar 56 dos 63 vetos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao projeto de lei que flexibiliza regras para o licenciamento ambiental no país. A proposta é apelidada por ambientalistas e opositores de “PL da Devastação”.
A decisão foi recebida com críticas por representantes do governo, da sociedade civil e de órgãos ligados à proteção ambiental. A Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), por exemplo, alertou que a derrubada dos vetos ameaça diretamente os direitos e territórios indígenas.
Arte detalha as principais mudanças na Lei de Licenciamento Ambiental após a derrubada de vetos pelo Congresso.
Contradição com compromissos internacionais - Segundo Gleisi, a posição do Congresso vai na contramão do esforço recente do Brasil durante a Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP30), realizada em Belém, no Pará.
“A decisão dos parlamentares contradiz tudo o que o país apresentou na COP30, justamente quando estamos tentando reforçar nosso compromisso com o combate às mudanças climáticas”, afirmou.
Entenda o caso - O projeto de lei que reduz exigências para o licenciamento ambiental foi aprovado pela Câmara dos Deputados em julho. A proposta enfrentou forte oposição de ambientalistas, especialistas e entidades do setor.
Em agosto, o presidente Lula sancionou o texto com 63 vetos em um total de 400 dispositivos. As justificativas apresentadas pelo governo se basearam em avaliações técnicas e jurídicas, com participação da comunidade científica e de representantes da sociedade civil.
Na quarta-feira (26), véspera da votação no Congresso, o governo publicou uma nota oficial defendendo a manutenção dos vetos.
Argumentos do governo - Segundo o Palácio do Planalto, os vetos tinham como objetivo preservar dispositivos essenciais para:
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Garantir a proteção de biomas sensíveis;
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Evitar retrocessos na legislação ambiental;
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Assegurar segurança jurídica a empreendedores e investidores;
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Tornar o licenciamento mais ágil, sem comprometer a qualidade das análises;
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Proteger os direitos dos povos indígenas e comunidades quilombolas.
A nota também mencionava o agravamento dos desastres ambientais e climáticos recentes no país como fator decisivo na definição dos vetos.
Repercussão - A sociedade civil classificou a derrubada dos vetos como um “grave retrocesso”. Especialistas apontam que o projeto, da forma como foi aprovado, pode fragilizar os mecanismos de controle ambiental, abrindo brechas para desmatamento e degradação de áreas sensíveis.
“Trata-se de um sinal negativo para o mundo, especialmente em um momento em que o Brasil tenta se posicionar como líder nas pautas ambientais globais”, disse uma fonte ligada ao governo.
A expectativa agora é de que entidades ambientais, representantes indígenas e membros da comunidade científica entrem com ações no Supremo Tribunal Federal (STF) questionando a constitucionalidade de trechos da nova lei.