27 de novembro de 2025 - 15h55

Casos de câncer podem quase dobrar até 2050

A perspectiva acende o alerta sobre a capacidade dos sistemas de saúde de lidar com a demanda crescente

SAÚDE GLOBAL
OMS alerta que novos casos de câncer devem saltar de 20 para 35 milhões até 2050, exigindo reforço na prevenção e tratamento - (Foto: Freepik)

Estudo da Organização Mundial da Saúde (OMS) projeta aumento de 77% nos novos casos de câncer até 2050, saltando dos 20 milhões registrados em 2022 para 35,3 milhões. A perspectiva acende o alerta sobre a capacidade dos sistemas de saúde de lidar com a demanda crescente.

Segundo dados apresentados pela diretora da agência de pesquisa da OMS, Elisabete Weiderpass, os impactos serão desiguais. Países de baixa e média renda, com menor infraestrutura para prevenção, diagnóstico e tratamento, devem concentrar os maiores aumentos. A Ásia, com 60% da população mundial, deve responder por metade dos novos casos, mas regiões como África Central têm maiores perdas de produtividade por morte prematura.

As consequências econômicas também são expressivas: a perda global estimada por óbitos precoces em pessoas de 15 a 64 anos com tumores entre 36 tipos diferentes é de US$566 bilhões, cerca de 0,6% do PIB mundial.

Brasil também tem alerta - No Brasil, o Instituto Nacional do Câncer (Inca) estima cerca de 700 mil novos diagnósticos anuais para o triênio 2023–2025. A OMS projeta que esse número ultrapasse 1,15 milhão até 2050, aumento superior a 80%. O total de óbitos pode alcançar 554 mil até 2025, praticamente o dobro dos números recentes.

Durante seminário sobre controle do câncer promovido pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), especialistas sublinharam que o câncer não deve ser visto apenas como questão médica — mas também social. Segundo o diretorgeral do Inca, os grupos vulneráveis — por gênero, cor, região ou condição econômica — agravam as desigualdades no diagnóstico e tratamento.

Para o presidente da Fiocruz, Mario Moreira, combater o câncer no Brasil exige políticas públicas inclusivas, que combine prevenção, acesso a diagnóstico e tratamentos, além de atenção às causas sociais como desigualdade de renda, racismo e vulnerabilidade.