Dois crimes em duas horas mudam rotina e segurança no Parque dos Poderes
Tentativa de estupro e assalto registrados na manhã de quarta-feira (26) assustam corredores e reforçam debate sobre falta de patrulhamento no local
SEGURANÇA URBANAO Parque dos Poderes, em Campo Grande (MS), um dos principais espaços ao ar livre usados por corredores e ciclistas, registrou dois crimes em um intervalo de menos de duas horas na manhã de ontem (26). Os episódios alteraram imediatamente a rotina de quem frequenta o local e aumentaram o sentimento de insegurança.
O primeiro caso aconteceu por volta das 5h15. Uma mulher foi abordada por um homem que fingiu estar armado e tentou levá-la para uma área de mata. Ela conseguiu reagir e fugir. O suspeito foi localizado e detido em seguida.
Às 7h44, um segundo crime ocorreu no parque. Um homem de 29 anos foi assaltado enquanto começava uma corrida na Avenida Desembargador José Nunes da Cunha. Segundo o registro policial, o ladrão estava com uma faca e levou a chave do carro, o celular, um relógio e um par de óculos. Minutos depois, a vítima percebeu que o suspeito havia realizado uma transferência via Pix no valor de R$ 300 usando o aparelho roubado.
Os dois casos foram registrados na Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário (Depac/Cepol).
Movimento continua, mas com mais cautela - Na manhã desta quinta-feira (27), o movimento no Parque dos Poderes seguiu o padrão habitual das quintas-feiras, com a presença de corredores, ciclistas e caminhantes. A concentração foi maior nas áreas próximas às assessorias de corrida, que costumam reunir grupos logo nas primeiras horas do dia.
Mesmo com a rotina mantida, houve mudanças perceptíveis no comportamento dos frequentadores. Muitos evitaram trechos considerados mais isolados, redobraram a atenção ao redor e priorizaram rotas com maior fluxo de pessoas.
Não houve registro de viaturas da Polícia Militar circulando pelas vias internas do parque durante o período da manhã. A ausência de patrulhamento visível levantou preocupações entre os usuários do espaço, que relatam insegurança mesmo em dias de grande movimentação.
Rotas ajustadas e sensação de insegurança - O trecho onde ocorreu a tentativa de estupro é conhecido por ter menos circulação. Após o ataque, muitos passaram a evitar a área, mesmo no início da manhã, horário considerado mais seguro por quem treina no parque.
Frequentadores afirmaram que o sentimento de segurança vem principalmente da presença de outras pessoas ou das assessorias esportivas, e não de ações de policiamento. Alguns relataram que só pretendem correr em grupo daqui para frente.
Há também relatos de que, especialmente às sextas-feiras, é comum encontrar pessoas alcoolizadas estacionando em pontos do entorno, o que contribui para a sensação de insegurança. Alguns corredores decidiram não comparecer ao parque hoje por receio de novos crimes.
Mesmo assim, o fluxo não parou. Apenas ficou diferente. Muitos ajustaram os trajetos, reduziram o uso de fones de ouvido e mantiveram atenção constante a quem se aproxima pelo caminho.