Iury de Oliveira | 27 de novembro de 2025 - 08h40

Dois crimes em duas horas mudam rotina e segurança no Parque dos Poderes

Tentativa de estupro e assalto registrados na manhã de quarta-feira (26) assustam corredores e reforçam debate sobre falta de patrulhamento no local

SEGURANÇA URBANA
Cena simulada retrata trecho isolado do Parque dos Poderes, em Campo Grande (MS), após tentativa de estupro registrada na manhã de quarta-feira (26). - (Foto: Ilustração / Jornal A Crítica)

O Parque dos Poderes, em Campo Grande (MS), um dos principais espaços ao ar livre usados por corredores e ciclistas, registrou dois crimes em um intervalo de menos de duas horas na manhã de ontem (26). Os episódios alteraram imediatamente a rotina de quem frequenta o local e aumentaram o sentimento de insegurança.

O primeiro caso aconteceu por volta das 5h15. Uma mulher foi abordada por um homem que fingiu estar armado e tentou levá-la para uma área de mata. Ela conseguiu reagir e fugir. O suspeito foi localizado e detido em seguida.

Às 7h44, um segundo crime ocorreu no parque. Um homem de 29 anos foi assaltado enquanto começava uma corrida na Avenida Desembargador José Nunes da Cunha. Segundo o registro policial, o ladrão estava com uma faca e levou a chave do carro, o celular, um relógio e um par de óculos. Minutos depois, a vítima percebeu que o suspeito havia realizado uma transferência via Pix no valor de R$ 300 usando o aparelho roubado.

Os dois casos foram registrados na Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário (Depac/Cepol).

Movimento continua, mas com mais cautela - Na manhã desta quinta-feira (27), o movimento no Parque dos Poderes seguiu o padrão habitual das quintas-feiras, com a presença de corredores, ciclistas e caminhantes. A concentração foi maior nas áreas próximas às assessorias de corrida, que costumam reunir grupos logo nas primeiras horas do dia.

Mesmo com a rotina mantida, houve mudanças perceptíveis no comportamento dos frequentadores. Muitos evitaram trechos considerados mais isolados, redobraram a atenção ao redor e priorizaram rotas com maior fluxo de pessoas.

Não houve registro de viaturas da Polícia Militar circulando pelas vias internas do parque durante o período da manhã. A ausência de patrulhamento visível levantou preocupações entre os usuários do espaço, que relatam insegurança mesmo em dias de grande movimentação.

Rotas ajustadas e sensação de insegurança - O trecho onde ocorreu a tentativa de estupro é conhecido por ter menos circulação. Após o ataque, muitos passaram a evitar a área, mesmo no início da manhã, horário considerado mais seguro por quem treina no parque.

Frequentadores afirmaram que o sentimento de segurança vem principalmente da presença de outras pessoas ou das assessorias esportivas, e não de ações de policiamento. Alguns relataram que só pretendem correr em grupo daqui para frente.

Há também relatos de que, especialmente às sextas-feiras, é comum encontrar pessoas alcoolizadas estacionando em pontos do entorno, o que contribui para a sensação de insegurança. Alguns corredores decidiram não comparecer ao parque hoje por receio de novos crimes.

Mesmo assim, o fluxo não parou. Apenas ficou diferente. Muitos ajustaram os trajetos, reduziram o uso de fones de ouvido e mantiveram atenção constante a quem se aproxima pelo caminho.

Arte mostra como dois crimes registrados na manhã de quarta-feira (26) no Parque dos Poderes, em Campo Grande (MS), afetaram a rotina e a sensação de segurança dos frequentadores. ( Imagem: Ilustração / Jornal A Crítica)