Um conjunto de ações sistemáticas de monitoramento da frequência, visitas domiciliares e apoio às famílias tem transformado os indicadores educacionais na Rede Estadual de Ensino de Mato Grosso do Sul. Através do programa de busca ativa escolar, o Estado tem conseguido reduzir de forma expressiva o abandono escolar, chegando a registrar índices zerados em várias unidades.

Na prática, o abandono é caracterizado pela ausência contínua do estudante em um mesmo ano letivo, diferentemente da evasão, quando há desligamento total do sistema. A atuação rápida das escolas, com suporte da Secretaria de Estado de Educação (SED), tem sido decisiva para enfrentar essas situações antes que se agravem.

Controle rigoroso e ação imediata - Na Escola Estadual Célia Maria Naglis, em Campo Grande, a ausência não passa despercebida. O diretor-adjunto Ambrósio Lazzari explica que o acompanhamento é diário. “Se o aluno falta e não justifica, a coordenação liga. Se não atende, vamos até a casa dele. É um trabalho cuidadoso, com responsabilidade e sensibilidade”, afirma. A escola alcançou índice zero de abandono em 2025.

Esse tipo de ação, segundo o gestor, só é possível porque há uma cultura interna voltada para o acolhimento. “A gente trabalha para que o aluno se sinta pertencente. Todo o planejamento é feito com foco em manter o estudante presente e ativo na vida escolar”, completa.

Apoio técnico e sistema interligado - Por trás da atuação das escolas está o SBAE-MS (Sistema de Busca Ativa Escolar), desenvolvido em parceria com o Ministério Público de Mato Grosso do Sul. A ferramenta identifica alunos com frequência irregular e aciona mecanismos de acolhimento, em articulação com o Conselho Tutelar e a comunidade.

Segundo Paola Lopes, coordenadora de Psicologia e Serviço Social Educacional da SED, o sistema funciona com base em dados atualizados e ação coordenada. “Orientamos que o contato com a família seja humanizado e rápido. A atualização de telefone e endereço faz toda a diferença nesse processo. Quando o contato é eficaz, conseguimos agir antes que o aluno se desconecte totalmente da escola”, destaca.

Além do acompanhamento da frequência, a rede estadual adota estratégias de compensação de ausências e suporte pedagógico para facilitar o retorno ao aprendizado, em casos de afastamento.

A presença que faz diferença - Na Escola Estadual Lino Villachá, o trabalho também é diário. O diretor Olívio Mangolin revela que acompanha pessoalmente a frequência dos alunos, sobretudo os do noturno, mais expostos à pressão do mercado de trabalho. “Ligamos, visitamos, buscamos o estudante. Só depois de esgotar todas as possibilidades internas é que acionamos o Conselho Tutelar ou fazemos a transferência ex officio”, explica.

Foi esse esforço que trouxe de volta Josiane Cardoso Calvis, de 17 anos. A jovem havia parado de frequentar a escola por problemas familiares e dificuldades com o transporte. “O diretor entrou em contato com minha família, conversou comigo e cancelou minha transferência. Ele acreditou em mim e me trouxe de volta”, conta a estudante, hoje com notas em dia e frequência regular.

Política de Estado com resultados concretos - Os resultados positivos das ações refletem a política pública estruturada pela Secretaria de Estado de Educação. O secretário Hélio Daher aponta que o abandono escolar tem sido drasticamente reduzido nos últimos anos. “Com o SBAE-MS e as políticas integradas da SED, conseguimos zerar o abandono em várias escolas da rede. Isso mostra nosso compromisso com a permanência e o sucesso do estudante”, afirma.

Para o governador Eduardo Riedel, o combate ao abandono é apenas uma etapa de um projeto maior. “Mais do que manter os jovens na escola, queremos prepará-los para os desafios do mundo do trabalho. Por isso, estamos ampliando os investimentos em educação para garantir oportunidades reais e formar cidadãos capazes de contribuir com o desenvolvimento sustentável do Estado”, conclui.