Mariana Carneiro | 27 de novembro de 2025 - 10h40

Projeto que pune devedores contumazes avança após escândalo de sonegação bilionária

Texto aprovado no Senado cria regras para empresas que sonegam de forma reiterada; Câmara analisa proposta

ECONOMIA
Há oito anos no Congresso Nacional, o projeto para punir os chamados devedores contumazes ganhou apelo e apoio após a Operação Carbono Oculto - (Foto: Pedro França/Agência Senado)

Após oito anos em tramitação, o projeto de lei que endurece as punições contra os chamados devedores contumazes ganhou força no Congresso Nacional. O avanço da proposta ocorre em meio às investigações da Operação Carbono Oculto, que desvendou um esquema bilionário de sonegação fiscal e lavagem de dinheiro envolvendo o setor de combustíveis e fintechs ligadas a organizações criminosas.

A proposta, aprovada no Senado e agora em análise na Câmara dos Deputados, tem como objetivo central fechar o cerco contra empresas que, de forma deliberada e sistemática, deixam de pagar tributos, criando distorções no mercado e, em muitos casos, servindo como canal para crimes financeiros.

De acordo com o texto, serão enquadradas como devedoras contumazes empresas que acumularem dívida tributária "substancial, reiterada e injustificada" com a Receita Federal ou fiscos estaduais. Para isso, foram definidos critérios objetivos:

Empresas em processo de regularização fiscal, com dívidas em discussão judicial ou administrativa — desde que apresentem garantias ou estejam amparadas por teses com repercussão geral reconhecida — não serão consideradas devedoras contumazes.

Ficam de fora também as empresas afetadas por calamidades públicas ou que tenham apurado prejuízo fiscal nos últimos anos, sem indícios de fraude ou má-fé, como o pagamento de dividendos durante o período de endividamento.

A Receita Federal será obrigada a notificar a empresa 30 dias antes de classificá-la como devedora contumaz. Após o enquadramento, serão aplicadas as seguintes sanções:

O projeto prevê ainda que, caso um dos sócios tente abrir outra empresa, o novo CNPJ também poderá ser classificado automaticamente como devedor contumaz, por meio do critério de “partes relacionadas”.

Segundo a Receita Federal, o objetivo é atingir empresários que utilizam empresas sem patrimônio e com curta duração para sonegar impostos, ocultar sócios e lavar dinheiro — práticas comuns em organizações criminosas e em setores como combustíveis e bebidas.

Além do efeito fiscal, a medida busca equilibrar o ambiente de negócios, evitando que empresas atuem em vantagem desleal por não pagarem tributos.

O projeto também traz contrapartidas positivas. Duas iniciativas são destacadas: