Militares dão golpe na Guiné-Bissau após eleições; presidente afirma ter sido deposto
Soldados anunciaram suspensão de instituições, fronteiras e mídia após disputa eleitoral acirrada
MUNDOMilitares da Guiné-Bissau anunciaram nesta quarta-feira (26) que tomaram o poder no país, apenas três dias após as eleições presidenciais e legislativas. Em pronunciamento na televisão estatal, o porta-voz Dinis N’Tchama afirmou que o presidente Umaro Sissoco Embaló foi deposto e que todas as instituições da República estão suspensas.
“O Alto Comando Militar decide depor o presidente e suspender, até novas ordens, todas as instituições da República da Guiné-Bissau”, declarou. Além disso, os militares fecharam as fronteiras e proibiram a atividade da imprensa local.
O golpe ocorre em meio a uma disputa acirrada entre Embaló e o principal candidato da oposição, Fernando Dias da Costa. Ambos alegaram vitória antes da divulgação oficial dos resultados, prevista para quinta-feira (27).
Segundo os militares, a ação teria sido motivada pela descoberta de um plano para manipular os resultados eleitorais, supostamente envolvendo políticos e um conhecido traficante de drogas. A Guiné-Bissau, que já enfrentou quatro golpes de Estado desde a independência, é conhecida como rota do tráfico entre a América Latina e a Europa.
Fontes locais relataram troca de tiros perto do palácio presidencial, onde o presidente estaria sendo mantido sob custódia. Um grupo internacional de observadores informou que o chefe da comissão eleitoral foi preso e o prédio da comissão isolado pelos militares.
À emissora France 24, Embaló confirmou que foi deposto, mas afirmou não ter sofrido violência. O mandato do presidente, iniciado em fevereiro de 2020, é alvo de contestação por parte da oposição, que alegava que ele já deveria ter deixado o cargo.