Brasil se antecipou a crise tarifária com os EUA, diz ministro da Agricultura
Carlos Fávaro afirma que ampliação de mercados externos reduziu impactos da tensão comercial com os norte-americanos
ECONOMIA RURALO ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, afirmou nesta quarta-feira (26) que o Brasil estava preparado para enfrentar os efeitos da recente tensão comercial com os Estados Unidos, provocada pela escalada tarifária anunciada pelo governo norte-americano. Segundo ele, a diplomacia brasileira restabelecida e a diversificação de mercados foram fundamentais para minimizar os impactos no agronegócio nacional.
“Não podemos ficar de costas a um grande parceiro comercial como os Estados Unidos, mas estávamos preparados. Abrimos muitos mercados, ampliamos os que já estavam abertos e isso nos deu uma condição melhor, inclusive, de negociar”, declarou Fávaro a jornalistas durante o Encontro Nacional do Agro e dos Adidos Agrícolas, realizado em Brasília.
Relação comercial fortalecida pela diplomacia - O ministro destacou que o governo federal conduziu as negociações com os Estados Unidos de maneira estratégica e prudente. Para ele, o posicionamento brasileiro durante o impasse tarifário foi marcado por responsabilidade diplomática e resultado de um esforço conjunto para ampliar a presença do Brasil no comércio internacional.
“Estávamos bem posicionados, queremos fortalecer as relações comerciais com os Estados Unidos, mas não estávamos totalmente vulneráveis”, afirmou.
Fávaro também classificou como “histórica” a condução da crise e mencionou a recente aprovação, pelo Congresso Nacional, da chamada “lei da reciprocidade”, que autoriza o Brasil a adotar medidas similares às tarifas impostas por outros países. Apesar disso, o ministro elogiou a decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de não recorrer ao dispositivo legal no momento.
“O Congresso aprovou a lei da reciprocidade, colocou mais uma arma na caneta do presidente da República, mas ele não precisou usar. Com sabedoria, ele não usou, mas tinha a arma na mão”, disse.
Agronegócio busca novos mercados em cenário desafiador - Além das tensões comerciais, Fávaro destacou que o agronegócio brasileiro enfrenta um cenário interno complexo, com queda no preço das commodities e aumento no nível de endividamento dos produtores. Ele afirmou que o desafio do governo e do setor produtivo é seguir ampliando mercados e garantindo competitividade mesmo diante de um contexto econômico adverso.
“Temos o desafio de continuar crescendo, encontrar novos mercados para os nossos produtos agropecuários e manter o Brasil como protagonista do agronegócio global”, concluiu.
A fala do ministro ocorre em meio a uma série de reuniões com representantes diplomáticos e adidos agrícolas, que discutem estratégias para abrir e consolidar mercados internacionais para os produtos brasileiros.