Anvisa assina acordo final para liberar vacina brasileira contra a dengue
Imunizante do Butantan é dose única, protege contra quatro tipos do vírus e pode chegar ao SUS em 2026
SAÚDE PÚBLICAA Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e o Instituto Butantan assinaram nesta quarta-feira (26) o termo de compromisso que abre caminho para o registro oficial da primeira vacina brasileira contra a dengue. O documento formaliza as últimas etapas de acompanhamento técnico e monitoramento do imunizante, desenvolvido em São Paulo, e antecipa a liberação do uso no país.
O avanço ocorre após meses de análise da documentação enviada pelo Butantan. A expectativa do governo federal é iniciar a distribuição da vacina no Sistema Único de Saúde (SUS) a partir de 2026. Segundo o Ministério da Saúde, o imunizante poderá ser uma alternativa à vacina atualmente em uso no Brasil — a japonesa Qdenga, aplicada em duas doses e ainda dependente de importação.
Dose única e proteção ampla - Diferente da vacina importada, a Butantan-DV é aplicada em dose única e tem eficácia comprovada contra os quatro sorotipos do vírus da dengue: DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4. A proteção em larga escala, associada à facilidade logística de uma única aplicação, é vista como um avanço importante no combate à doença.
Os resultados dos ensaios clínicos foram publicados na revista científica The Lancet Infectious Diseases e envolveram 16.235 voluntários entre 2 e 59 anos. A vacina apresentou eficácia robusta e segurança satisfatória em todas as faixas etárias analisadas.
A Anvisa recebeu o pedido de registro em fevereiro deste ano e fez uma série de exigências técnicas ao Butantan, com o objetivo de esclarecer pontos sobre a composição e a eficácia do imunizante. As respostas foram enviadas entre março e outubro, e o processo foi considerado prioritário pela agência.
Ao confirmar a assinatura do termo de compromisso, o diretor da Anvisa destacou que a decisão foi tomada após longas discussões técnicas com especialistas externos. A partir de agora, a liberação do registro definitivo está próxima, o que permitirá a produção e distribuição em larga escala no Brasil.
De acordo com o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, a campanha nacional de vacinação com a Butantan-DV deve começar no início de 2026. A nova vacina será incorporada ao calendário de imunização com foco em regiões mais afetadas por surtos recorrentes da doença.
Números em MS - Mato Grosso do Sul já registrou 13.696 casos prováveis de Dengue, sendo 8.319 casos confirmados, em 2025. Estes dados foram apresentados no boletim referente à 46ª semana epidemiológica, divulgado pela SES (Secretaria de Estado de Saúde) na última segunda-feira (24). Segundo o documento, 18 óbitos foram confirmados em decorrência da doença e outros 7 estão em investigação.
Nos últimos 14 dias, Sonora, Nioaque e Rio Brilhante registraram incidência baixa de casos confirmados para a doença. Já os óbitos registrados ocorreram nos municípios de Inocência, Três Lagoas, Nova Andradina, Aquidauana, Dourados, Ponta Porã, Coxim, Iguatemi, Paranhos, Itaquiraí, Água Clara, Miranda, Aparecida do Taboado, Ribas do Rio Pardo e Campo Grande. Entre as vítimas, 7 delas possuíam algum tipo de comorbidade.
Ainda conforme o boletim, 201.633 doses do imunizante já foram aplicadas na população alvo. Ao todo, Mato Grosso do Sul já recebeu do Ministério da Saúde 241.030 doses do imunizante contra a dengue. O esquema vacinal é composto por duas doses com intervalo de três meses entre as doses.
A vacinação contra a dengue é recomendada para crianças e adolescentes entre 10 e 14 anos, 11 meses e 29 dias de idade, faixa etária que concentra o maior número de hospitalização por dengue, dentro do quadro de crianças e adolescentes de 6 a 16 anos de idade.