Redação | 26 de novembro de 2025 - 08h00

Salário de até R$ 100 mil revela disparidade e desafio por mão de obra qualificada

Guia Salarial 2026 mostra que altos cargos na saúde e varejo lideram o ranking da remuneração no país, mas maioria dos profissionais segue sem reajuste

ECONOMIA
Executivos de finanças têm os maiores salários, segundo consultoria - (Foto: Pormezz )

No Brasil, o maior salário fixo pago atualmente a um profissional pode chegar a R$ 100 mil por mês. Os dados são do Guia Salarial 2026 da consultoria de recrutamento Michael Page e evidenciam o abismo entre os cargos de alto escalão e a realidade da maior parte dos trabalhadores.

A remuneração milionária aparece em cinco cargos: quatro deles ligados ao setor da saúde — como superintendente ou diretor médico, gerente geral e líder de unidade de negócios em empresas de dispositivos médicos e farmacêuticas — e um no varejo, destinado ao cargo de gerente geral de operações.

O levantamento analisou 548 posições distribuídas em 15 áreas e ouviu mais de 7 mil profissionais. O valor não inclui bônus nem outros componentes variáveis. Apesar dos salários elevados em setores estratégicos, o estudo revela que 59% dos trabalhadores não tiveram qualquer reajuste no último ano.

A expectativa para 2026 também é de cautela por parte das empresas: 45% delas não planejam conceder aumentos acima do obrigatório. A pesquisa também identificou uma disparidade entre a oferta de capacitação e o acesso real dos profissionais: apenas 28% dizem ter acesso a desenvolvimento, enquanto 60% das organizações afirmam oferecer programas de qualificação.

A escassez de mão de obra qualificada aparece como um dos principais entraves à contratação, sendo mencionada por 73% das empresas. Além disso, a alta rotatividade e expectativas salariais fora do orçamento preocupam os empregadores.

Outro ponto de destaque no levantamento é o formato de trabalho. O modelo presencial integral voltou a crescer e já está presente em 42% das empresas. Já o híbrido recuou entre as companhias, caindo de 50% para 44%, mas cresceu entre os trabalhadores, passando de 37% para 40%.

Para Ricardo Basaglia, CEO da Michael Page no Brasil, o desafio não está apenas nos salários. “As empresas precisam construir pacotes que realmente façam a diferença, considerando saúde, alimentação e capacitação. Isso pesa tanto quanto a remuneração na hora de atrair e reter talentos”, afirma.