Cícero Cotrim | 25 de novembro de 2025 - 20h15

Defesa de Daniel Vorcaro diz que Banco Central foi avisado sobre venda do Master e viagem a Dubai

Advogados alegam que prisão foi indevida e divulgam documentos para afastar suspeita de tentativa de fuga

INVESTIGAÇÃO FINANCEIRA
Daniel Vorcaro, dono do Banco Master. - (Foto: Reprodução)

A defesa do banqueiro Daniel Vorcaro, preso no último dia 17 de novembro no Aeroporto de Guarulhos, alega que tanto a negociação de venda do Banco Master quanto a viagem do empresário para Dubai foram previamente comunicadas ao Banco Central (BC). Em nota divulgada nesta terça-feira (25), os advogados afirmam que os fatos foram discutidos em videoconferência com o diretor de Fiscalização do BC, Ailton Aquino, no mesmo dia em que a prisão foi efetuada.

“Assim, ficam absolutamente afastadas as especulações de tentativa de fuga de Daniel Vorcaro, que, na verdade, buscava — e continuará buscando — soluções de mercado hígidas para o Conglomerado Master, com boa-fé, transparência e deferência ao regulador”, diz o comunicado da defesa.

Em documentos disponibilizados pelos advogados, consta um ofício assinado por Paulo Sérgio Neves de Souza, chefe-adjunto do Departamento de Supervisão Bancária do BC, confirmando que Vorcaro participou de uma reunião por videoconferência no dia 17. No encontro, o banqueiro teria informado que buscava uma "solução de mercado" para o Banco Master e que pretendia vender o grupo em três partes para investidores distintos.

Ainda segundo o ofício, Vorcaro teria solicitado antecipação de uma audiência agendada para o dia 19 de novembro, pois pretendia anunciar, até o fim do dia 17, a venda do Banco Master para um grupo nacional. A viagem a Dubai, segundo ele, teria como objetivo assinar contrato com um grupo estrangeiro interessado em compor o novo bloco acionário da instituição financeira.

O documento indica ainda que, naquela mesma tarde, Vorcaro teria agendado outra videoconferência, desta vez com representantes do Departamento de Organização do Sistema Financeiro, para informar oficialmente que o contrato de intenção de compra e venda seria protocolado no Banco Central. O banqueiro também teria afirmado que a alienação da Will Financeira, uma das empresas do conglomerado, estava prevista para o dia 18.

Outro ofício divulgado pela defesa, assinado por Belline Santana, chefe do Departamento de Supervisão Bancária, afirma que não há "considerações ou informações a acrescentar" sobre os fatos.

Daniel Vorcaro foi preso na noite de segunda-feira, 17, no Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo, enquanto tentava embarcar para Dubai. A prisão ocorreu horas após o anúncio público de que a Fictor e um grupo de investidores árabes estariam interessados na aquisição do Banco Master.

O caso gerou repercussão no setor financeiro e colocou em evidência a atuação do Banco Central na mediação de processos de venda e fiscalização de conglomerados bancários.

A defesa afirma que os documentos comprovam a legalidade das ações de Vorcaro e que a viagem ao exterior não configurava tentativa de fuga. Os advogados reforçam que o banqueiro estava cumprindo agenda oficial de negócios, previamente comunicada às autoridades reguladoras.