Dólar fecha em leve queda e volta a ficar abaixo de R$ 5,40 nesta segunda-feira
Moeda recua 0,12% após ajustes do mercado e expectativa por corte de juros nos EUA em dezembro
ECONOMIAO dólar encerrou a sessão desta segunda-feira (24) em leve queda no mercado doméstico, novamente abaixo de R$ 5,40. Operadores apontam que o pregão foi marcado por ajustes pontuais, após a moeda ter avançado quase 2% na semana passada, impulsionada pela forte alta registrada na sexta-feira.
Fatores internos, como a prisão preventiva do ex-presidente Jair Bolsonaro, tiveram pouca influência no câmbio. O foco permaneceu nas expectativas de que o Federal Reserve possa iniciar cortes de juros em dezembro, cenário reforçado por declarações mais brandas de dirigentes do banco central americano nos últimos dias.
O dólar à vista teve mínima de R$ 5,3792 e fechou em R$ 5,3950, queda de 0,12%. Em novembro, a moeda ainda acumula alta de 0,27%, depois de subir 1,08% em outubro. No ano, registra baixa de 12,71%.
Segundo Alexandre Viotto, head de banking da EQI Investimentos, o dólar acima de R$ 5,40 na sexta refletiu principalmente o fortalecimento global da moeda um dia antes, após dados mistos do payroll de setembro. O mercado local não operou na ocasião devido ao feriado da Consciência Negra. “Depois do movimento mais forte, o mercado ficou de lado hoje. A postura é de espera pelos indicadores americanos que serão divulgados nesta semana”, afirmou. Parte dos investidores aposta que o Fed só retomará o ciclo de cortes em janeiro.
O mercado aguarda ainda dados represados durante o shutdown de 43 dias nos EUA, o maior da história. Nesta terça, saem o Índice de Preços ao Produtor (PPI) e as vendas no varejo de setembro.
Pela manhã, o diretor do Fed Christopher Waller defendeu um corte de juros já em dezembro, citando preocupações com o mercado de trabalho. Cotado para substituir Jerome Powell no comando da instituição, Waller afirmou ter tido uma “ótima reunião” com o secretário do Tesouro, Scott Bessent.
No exterior, o índice DXY operou estável, ainda acima dos 100 mil pontos. O destaque foi a queda de cerca de 0,20% do iene, devolvendo parte da alta de mais de 0,60% registrada na sexta, quando autoridades japonesas sinalizaram possível intervenção no câmbio. Investidores acompanham os desdobramentos do pacote fiscal da primeira-ministra Sanae Takaichi e seu impacto sobre atividade e inflação no Japão.
Internamente, o câmbio também reage à chamada “pauta-bomba” no Senado, que envolve a possível votação do projeto que regulamenta a aposentadoria especial dos agentes comunitários de saúde e de combate às endemias. O texto foi aprovado pela Câmara no início de outubro.
Viotto afirma ainda que há aumento sazonal das remessas ao exterior, movimento comum nesta época do ano, e projeta dólar a R$ 5,50 no encerramento de 2025, considerando a tendência negativa do fluxo no período.
Pela manhã, o Banco Central vendeu a oferta integral de US$ 2 bilhões em leilão de linha para rolar o vencimento de 5 de janeiro de 2026. A expectativa é que a autoridade monetária mantenha o câmbio mais irrigado até o fim do ano, com novas rolagens e possíveis ofertas adicionais de linhas.