Denise Luna | 24 de novembro de 2025 - 13h55

Jean Paul Prates deixa o PT após 11 anos e cita perda de espaço político

Ex-senador e ex-presidente da Petrobras entrega carta ao partido e promete seguir no campo progressista

POLÍTICA
Jean Paul Prates entrega carta de desfiliação ao PT e afirma que seguirá no campo progressista. - Tomaz Silva/Agência Brasil

O ex-senador da República e ex-presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, oficializou nesta segunda-feira, 24 de novembro, sua desfiliação do Partido dos Trabalhadores (PT), encerrando um ciclo de mais de uma década na legenda. A decisão foi formalizada por meio de carta entregue ao presidente nacional do partido, Edinho Silva, em Brasília.

“Sou grato pelas maiores honrarias da minha vida pública, representar o Rio Grande do Norte no Senado Federal e presidir a Petrobras”, escreveu Prates, em nota divulgada à imprensa. Segundo ele, a decisão foi motivada por uma “redução progressiva de espaço político” dentro da sigla. “Não levo mágoas, levo gratidão e consciência tranquila”, afirmou.

Prates foi indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para comandar a Petrobras em 2023, no início do atual mandato. No entanto, foi demitido no ano seguinte, após desgastes com o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), e divergências internas sobre a gestão da estatal.

Futuro político ainda indefinido - Apesar da desfiliação, Prates sinalizou que permanecerá no campo político progressista, mas não revelou para qual partido pretende migrar. “Seguirei integrando uma legenda com tradição equivalente de luta por justiça social, dignidade e soberania nacional”, escreveu, sem citar nomes.

Durante a trajetória no PT, o ex-senador atuou como liderança nacional, especialmente durante o governo Jair Bolsonaro, quando ocupou o posto de líder da oposição no Senado. Ele se destacou na defesa das empresas estatais e das políticas públicas voltadas à transição energética.

Na carta de desfiliação, Prates agradeceu a diversas figuras do partido, incluindo Fernando Haddad, Aloizio Mercadante, Henrique Fontana, José Dirceu e Edinho Silva. Também fez menção à governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra, que foi uma das responsáveis por sua ascensão ao Senado.

Legado parlamentar - Jean Paul Prates ressaltou ainda seu legado legislativo, com foco em projetos considerados estruturantes e voltados para a inovação energética. Entre eles, citou o Marco Legal das Ferrovias, a proposta de estabilização dos preços dos combustíveis e as primeiras legislações brasileiras sobre energia eólica offshore, hidrogênio, economia circular do plástico, captura e armazenamento de carbono, mobilidade urbana e biogás.

Formado em Direito e com atuação técnica na área de energia, Prates construiu uma trajetória híbrida entre a política e o setor produtivo. Sua passagem pela presidência da Petrobras foi marcada por uma tentativa de conciliar rentabilidade da empresa com responsabilidade social e ambiental, embora sua permanência no cargo tenha sido encurtada por divergências internas no governo.

A saída de Jean Paul Prates do PT ocorre num momento em que o partido reorganiza suas lideranças nacionais de olho nas eleições de 2026. A expectativa é de que o ex-senador siga participando do debate público, especialmente nos temas ligados à política energética.