PL se reúne em Brasília após prisão de Bolsonaro e discute projeto de anistia
Partido articula estratégia em meio à crise provocada pela prisão do ex-presidente e à expectativa de votação do projeto
POLÍTICADeputados da bancada do Partido Liberal (PL) têm encontro marcado com o presidente da legenda, Valdemar Costa Neto, nesta segunda-feira, 24 de novembro, às 14h, em um hotel de Brasília. A reunião ocorre dois dias após a prisão preventiva do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e deve tratar de estratégias políticas, incluindo o projeto de anistia aos envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro.
Segundo o líder do PL na Câmara, deputado Sóstenes Cavalcante (RJ), o encontro busca alinhar a atuação da bancada diante do cenário político atual. “Desde fevereiro, é meu único pedido”, afirmou ele ao se referir à tramitação do projeto de anistia. Para o deputado, a prisão de Bolsonaro não muda os rumos da proposta: “Para mim, não altera nada”.
Pressão sobre o Congresso - O projeto de anistia, que inicialmente previa perdão total aos envolvidos nos ataques às sedes dos Três Poderes, foi reformulado pelo relator Paulinho da Força (Solidariedade-SP) para prever apenas reduções de pena. Em 17 de setembro, a Câmara aprovou o regime de urgência para a proposta, que agora aguarda ser pautada pelo presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB).
Lideranças do Centrão ouvidas pelo Broadcast Político consideram que o tema não deve ir a plenário nesta semana, apesar da expectativa criada após a prisão de Bolsonaro. Motta, por sua vez, ainda não confirmou a data da votação. Em entrevista à CNN Brasil, o parlamentar afirmou que a Câmara “deve retomar o debate sobre a anistia nos próximos dias”.
Desde então, ele não se manifestou publicamente sobre a prisão de Bolsonaro, ocorrida no último sábado, que reacendeu tensões entre aliados do ex-presidente e integrantes do governo.
Nos bastidores, a prisão preventiva de Bolsonaro é tratada como um fator de mobilização entre parlamentares do PL e partidos aliados. O objetivo da reunião desta segunda-feira é evitar rachas internos e construir um discurso unificado em torno do projeto de anistia.
A movimentação também coloca em evidência o papel de Hugo Motta na condução dos trabalhos da Câmara. Apesar de manter uma relação institucional com todas as bancadas, Motta ainda não sinalizou como vai tratar o projeto em meio à instabilidade política gerada pela prisão do ex-presidente.
Sóstenes Cavalcante afirmou que não conversou com Motta desde a votação do Marco Legal do Combate ao Crime Organizado, em 18 de novembro. Segundo ele, na ocasião, ambos estavam “tranquilos”, mas nenhum indicativo foi dado sobre o projeto de anistia.
Caminhos incertos para o projeto - Embora a pressão política seja grande, especialmente entre deputados bolsonaristas, o futuro da proposta depende da decisão do presidente da Câmara. Caso seja pautado, o projeto ainda poderá sofrer novas alterações antes da votação em plenário.
O tema é sensível tanto para a base do governo quanto para a oposição, o que pode levar a um embate acirrado no Congresso. Para o PL, a aprovação do projeto de anistia se tornou ainda mais urgente após a prisão de seu principal líder político.