Tebet diz que lobby atrasa reformas fiscais e reforça corte de gastos para 2026
Ministra do Planejamento defende compromisso com responsabilidade fiscal e nega novos gastos no ano eleitoral
ECONOMIAA ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, afirmou nesta segunda-feira, 24 de novembro, que o governo federal não prevê novos gastos públicos para 2026, ano de eleição presidencial, e reforçou o compromisso com a responsabilidade fiscal. Durante discurso no tradicional almoço da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), ela também atribuiu a lentidão nas reformas fiscais à força dos lobbies no Congresso.
“No quesito das reformas fiscais, nós andamos muito mais lentamente do que precisávamos. Muitas vezes tivemos lobbies que impediram o Executivo e outros poderes de avançar”, disse Tebet, ao defender um pacto entre governo, Congresso e setor privado para conter isenções fiscais e melhorar a qualidade dos gastos públicos.
Críticas aos gastos tributários - Em tom firme, Tebet destacou que cortar gastos ruins é mais importante do que apenas gastar menos. “Gastar muito é ruim, mas gastar mal é pior ainda”, afirmou, defendendo que o país precisa investir com mais foco em áreas estratégicas como ciência, tecnologia e inovação.
Ela mencionou especificamente os benefícios tributários como alvos prioritários de corte. “Mesmo que de forma linear, que não é o ideal, mas é o possível, precisamos avançar com o corte em relação aos gastos tributários”, afirmou. Segundo a ministra, não é mais possível manter um orçamento com tantas renúncias fiscais sem planejamento e avaliação.
Tebet também convocou o setor financeiro a se engajar no debate, afirmando que os bancos podem ajudar no convencimento político junto ao Congresso Nacional. “Que vocês possam ser parceiros do Brasil, levando a palavra não só para dentro do Executivo, mas também para o Congresso”, disse.
Durante o evento, a ministra criticou a cultura de improviso no orçamento público e defendeu mais planejamento. Como exemplo, citou países asiáticos que, segundo ela, têm metas claras de médio e longo prazo, com investimentos guiados por dados e indicadores.
“Precisamos deixar de ser o país do improviso, de enxugar gelo. Planejamento é o que diferencia nações com futuro das que apenas reagem a emergências”, afirmou Tebet. Ela também mencionou que o Brasil gasta muito com educação, mas tem uma das piores avaliações internacionais em desempenho educacional.
Crescimento com equilíbrio - Simone Tebet disse que o governo termina o ano de 2025 em situação melhor do que o previsto, apesar dos desafios econômicos, especialmente a taxa de juros ainda elevada. Segundo ela, o Produto Interno Bruto (PIB) potencial do país já não está mais limitado a 1,5%, como estimativas anteriores apontavam, e que isso exige revisão das projeções e estratégias.
A ministra rejeitou a ideia de que o crescimento econômico precise ser contido para evitar a inflação. “O que precisamos é criar condições para um crescimento justo e sustentável. E não temos que ter medo de falar em controle de gastos e responsabilidade fiscal”, concluiu.