Lula diz que Brasil não será apenas exportador de minerais críticos e defende industrialização
Durante visita a Moçambique, presidente reafirma parceria com África e propõe cooperação para produção local de insumos estratégicos
ECONOMIADurante um fórum com empresários em Maputo, capital de Moçambique, nesta segunda-feira (24), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reforçou sua posição contra o modelo de exploração que transforma o Brasil em mero fornecedor de minerais críticos. Para Lula, o país precisa avançar na cadeia produtiva desses insumos e estabelecer parcerias internacionais com foco na industrialização local.
“Não vamos ser exportadores de minerais críticos. Se quiser, vai ter que industrializar no nosso país, para que o nosso país possa ganhar dinheiro”, declarou o presidente brasileiro.
O discurso ocorreu durante o segundo dia de sua visita oficial a Moçambique, como parte das celebrações pelos 50 anos de relações diplomáticas entre os dois países. Mais cedo, Lula já havia assinado acordos bilaterais com o presidente moçambicano Daniel Chapo e participado de uma reunião privada com o chefe de Estado africano.
Cooperação com o continente africano - Em sua fala aos empresários, Lula destacou que tanto o Brasil quanto países africanos, como Moçambique, possuem reservas estratégicas de minerais críticos — como lítio e cobalto — que serão essenciais na transição energética global.
“O continente africano possui importantes reservas de minerais críticos que desempenharão um papel estratégico na transição verde. A cooperação internacional nessa matéria é fundamental. O Brasil está disposto a colaborar com vocês”, afirmou Lula.
O presidente brasileiro defendeu uma nova dinâmica de comércio Sul-Sul, ressaltando que o continente africano oferece um potencial de parceria comercial e produtiva que vai além da simples exportação. “No continente africano, não só podemos vender, como podemos produzir coisas para comprar”, disse.
Combustíveis limpos e feira em Hannover - Lula também mencionou o papel do Brasil no desenvolvimento de combustíveis menos poluentes. Segundo ele, o país está pronto para demonstrar a eficácia dos seus biocombustíveis em eventos internacionais. Ele citou a Feira de Hannover, marcada para abril de 2026, como oportunidade estratégica.
“Quero ir lá provar qual é a gasolina e o óleo diesel que emitem menos CO2 no planeta. Quero provar que é o brasileiro”, afirmou.
A declaração reforça o discurso do governo federal em defesa da economia verde e da valorização de recursos naturais com agregação de valor dentro do território nacional.
Título honoris causa e retorno ao Brasil - Ainda nesta segunda-feira, Lula receberá o título de doutor honoris causa da Universidade Pedagógica de Moçambique. O reconhecimento vem em meio à série de compromissos diplomáticos para reforçar os laços entre os países lusófonos e expandir a presença brasileira no continente africano.
O retorno ao Brasil está previsto para as 13h20, no horário de Brasília.