Flávia Said | 23 de novembro de 2025 - 21h40

Diretor da PF critica tramitação acelerada do PL Antifacção na Câmara e pede mudanças no Senado

Andrei Rodrigues defende mais recursos e aperfeiçoamentos no projeto para fortalecer o enfrentamento ao crime organizado

PL ANTIFACÇÃO
Diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, critica ritmo acelerado do PL Antifacção e pede aperfeiçoamento no Senado. - (Foto: Andressa Anholete/Agência Senado)

O diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, afirmou neste domingo (23) que o projeto de lei Antifacção, aprovado na última terça-feira (18) na Câmara dos Deputados, tramitou de forma “rápida e sem a devida maturação”. O texto, de autoria do governo Lula, agora segue para análise no Senado, onde deverá passar por ajustes. A declaração foi dada durante entrevista ao programa Canal Livre, da Band, gravada na última quinta-feira (20) e exibida neste domingo.

Relatado pelo deputado Guilherme Derrite (PP-SP), opositor do governo, o PL foi aprovado com amplo apoio da base e da oposição, mesmo com protestos do Palácio do Planalto e de parlamentares do PT. A expectativa do governo federal é de que o Senado corrija pontos considerados sensíveis do projeto.

Andrei Rodrigues destacou que, embora o projeto tenha méritos, há aspectos que exigem atenção especial no Senado. “Precisamos de um desenho institucional melhor para as forças integradas no combate ao crime organizado e mecanismos que fortaleçam a cooperação internacional”, afirmou.

Ele também sugeriu a criação de uma norma legal que permita o uso imediato de bens apreendidos de organizações criminosas, o que, segundo ele, traria um equilíbrio entre punição econômica e efetividade nas ações de repressão.

“O caminho não é reduzir recursos da instituição, mas ampliá-los”, defendeu. “Precisamos de mais capacidade orçamentária para fazer mais e melhor”, completou.

A nova fase do projeto no Congresso será comandada pelo senador Alessandro Vieira (MDB-SE), que já indicou intenção de buscar um texto de consenso. A proposta original prevê medidas duras contra organizações criminosas, com ampliação de ferramentas de investigação e punição.

Segundo Andrei, a tramitação no Senado oferece oportunidade de aprimorar a proposta. “Temos boas expectativas de que será um projeto que realmente atenda aos anseios da sociedade, que pede mais segurança e respostas firmes contra o crime organizado.”

Ao final da entrevista, Andrei Rodrigues reforçou que a Polícia Federal deve ser tratada como patrimônio do Estado brasileiro. Ele defendeu o fortalecimento da instituição, não apenas com mais orçamento, mas também com aumento do efetivo e investimentos em inteligência.

“O Parlamento terá sensibilidade de compreender a importância da PF para o país. O combate ao crime precisa de instrumentos modernos e de uma polícia fortalecida”, concluiu.