23 de novembro de 2025 - 15h40

Lula sobre prisão de Bolsonaro: 'Todo mundo sabe o que ele fez'

Presidente evita criticar decisão do STF, mas defende soberania da Justiça brasileira e rebate pressão de Trump

INTERNACIONAL
Lula afirmou que a Justiça tomou a decisão correta sobre Bolsonaro - (Foto: Valter Campanato/Agência Brasil)

Durante coletiva à imprensa na África do Sul neste domingo (23), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva comentou a prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro, decretada no sábado (22) pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Lula evitou criticar diretamente a decisão, mas afirmou que “todo mundo sabe o que ele fez” e reforçou que o processo judicial seguiu seu curso legal.

“Eu não faço comentário sobre uma decisão da Suprema Corte. A Justiça tomou uma decisão, ele foi julgado, teve direito à presunção de inocência, foram praticamente dois anos e meio de investigação, delações, julgamento. A Justiça decidiu, está decidido, e ele vai cumprir com a pena que a Justiça determinou”, declarou.

Questionado sobre eventuais pressões do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump — que criticou a condenação de Bolsonaro — Lula respondeu com firmeza. “Acho que o Trump tem que saber que nós somos um país soberano, que a nossa Justiça decide e o que decide aqui está decidido”, disse o presidente.

A declaração ocorre em meio a uma escalada de críticas por parte de aliados internacionais de Bolsonaro, incluindo articulações de seu filho Eduardo Bolsonaro com o governo Trump para questionar a atuação do STF.

Jair Bolsonaro foi preso preventivamente após tentativa de violar a tornozeleira eletrônica que usava em regime domiciliar. Segundo relatório da Secretaria de Administração Penitenciária do Distrito Federal (Seape), o ex-presidente tentou abrir o equipamento com um ferro de solda. A tentativa gerou um alerta e foi decisiva para a conversão da prisão domiciliar em preventiva.

Neste domingo, Bolsonaro participou por videoconferência da audiência de custódia, na qual alegou “paranoia” causada por medicamentos como justificativa para a tentativa de abrir a tornozeleira. Ele negou intenção de fuga e minimizou a vigília organizada por seu filho, o senador Flávio Bolsonaro, nas proximidades de sua casa, alegando que o protesto acontecia a 700 metros de distância.

Os advogados de Bolsonaro alegaram que a tornozeleira foi imposta como forma de “humilhação” e que não houve qualquer violação que justificasse a prisão preventiva. A defesa pediu a conversão da pena em prisão domiciliar humanitária, sob alegação de que o ex-presidente tem condições de saúde que exigem acompanhamento médico constante — pedido rejeitado por Moraes no sábado.

A defesa também tenta reverter a decisão junto à Primeira Turma do STF, que analisará o caso nesta segunda-feira (24) em sessão virtual extraordinária convocada pelo ministro Flávio Dino.

Bolsonaro foi condenado a 27 anos e três meses de prisão por tentativa de golpe de Estado e outros crimes relacionados. Com o fim do prazo para apresentação dos últimos recursos, a tendência é que a pena comece a ser executada em regime fechado nos próximos dias, caso o STF rejeite as contestações.