A Polícia Federal deflagrou neste domingo (23) a Operação Profeta, para investigar suspeitas de fraude na edição de 2025 do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). A ação cumpre mandado de busca e apreensão no estado do Ceará, autorizado pela Justiça Federal, com foco na possível divulgação antecipada de questões da prova.

O caso veio à tona após o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) anular três perguntas da avaliação, aplicada em 16 de novembro, após denúncias sobre vídeos que circulavam nas redes sociais com trechos semelhantes às questões reais.

A investigação tem como pivô Edcley Teixeira, estudante de Medicina que oferece monitorias preparatórias para o Enem nas redes sociais. Ele é apontado como o responsável pela divulgação dos vídeos suspeitos com questões similares às que caíram na prova.

Apesar de não ter sido oficialmente confirmado como alvo do mandado, Teixeira aparece nos materiais analisados pela PF. Ele nega qualquer tipo de vazamento e afirma ter “antecipado” os conteúdos com base em análise de edições passadas do Enem e de pré-testes aplicados pelo próprio Inep.

Segundo reportagens do Estadão, Teixeira teria contratado colaboradores para fazer pré-testes do Inep, solicitando que memorizassem as questões. Os conteúdos, proibidos de serem retirados em papel pelos participantes, seriam depois organizados em apostilas vendidas online.

Apesar da polêmica, o Ministério da Educação informou que o Enem 2025 não será cancelado. Em pronunciamento na última sexta-feira (21), o ministro Camilo Santana afirmou que a decisão de anular três questões foi tomada para “garantir a isonomia” e “preservar a confiança no processo seletivo”.

“O Enem não será cancelado. A comissão do Inep tomou uma decisão técnica e preventiva”, declarou o ministro em vídeo publicado no Instagram.

Em resposta às suspeitas de irregularidade, o MEC anunciou o fim da chamada Prova Prêmio Capes, um dos modelos de pré-teste usados por Edcley Teixeira. Também foi cancelada a aplicação de outro exame semelhante, que ocorreria em 35 cidades no dia 3 de dezembro.

A Polícia Federal, por sua vez, informou que a Operação Profeta visa “apurar possíveis ilícitos, identificar os responsáveis pela obtenção e divulgação indevida de dados, bem como possíveis conexões com outros delitos”.