Agência Brasil | 23 de novembro de 2025 - 10h10

Lula cobra protagonismo do Ibas em temas internacionais

Presidente defende que Índia, Brasil e África do Sul liderem debates globais saúde, IA e direitos sociais

INTERNACIONAL
Lula propõe papel central do Ibas em governança da IA e temas sociais. - Foto: Brenno Carvalho / Agência O Globo

Durante a reunião de líderes do Fórum Índia-Brasil-África do Sul (Ibas), realizada neste domingo (23) em Joanesburgo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu que o grupo retome protagonismo em temas estratégicos da agenda internacional.

Para ele, o Ibas (estagnado por mais de uma década) tem condições de liderar debates sobre governança global da inteligência artificial, trabalho decente e políticas de saúde.

O encontro ocorreu paralelamente à Cúpula do G20, que reúne as maiores economias do mundo. Criado em 2003, o Ibas nasceu com a proposta de fortalecer a cooperação entre países do Sul Global, mas não reunia seus chefes de Estado desde 2011.

Lula afirmou que Índia, Brasil e África do Sul compartilham valores fundamentais para retomar esse papel: “Temos a vocação de conciliar soberania, desenvolvimento e defesa da democracia. Essa capacidade, tão rara no mundo atual, é a marca do Ibas.”

O presidente apontou três frentes que, segundo ele, precisam estar na linha de frente do fórum:
• Saúde global, especialmente o acesso a vacinas, medicamentos e insumos;
• Direitos humanos, incluindo equidade de gênero e direitos sexuais e reprodutivos;
• Trabalho e tecnologia, com foco em sindicatos, participação social e regulação global da inteligência artificial.

Sobre IA, Lula destacou que os três países podem influenciar diretamente um modelo de governança mais justo: “Nossos países são chave para construir um sistema democrático e funcional de acesso a dados.”

A fala foi dirigida ao presidente sul-africano Cyril Ramaphosa e ao primeiro-ministro indiano Narendra Modi.

Futuro do fórum

Lula reforçou que a retomada do Ibas deve ter continuidade, com encontros regulares e uma atuação alinhada a fóruns como G20, ONU e Brics. Ele também questionou a possibilidade de ampliar o diálogo com outras democracias do Sul Global, como México, Quênia e Malásia.

Para o presidente, o Ibas não deve repetir a agenda do Brics, mas explorar suas próprias vocações. Como exemplo, citou o Fundo Ibas, que já financiou 51 projetos em 40 países desde a criação e serviu de base para iniciativas do G20 na área de combate à fome e pobreza.