22 de novembro de 2025 - 13h35

Policial civil baleado na Operação Contenção morre após 25 dias internado

Rodrigo Vasconcellos, atingido por fuzil no Complexo da Penha, é o quinto agente morto na operação que já soma 122 óbitos

OPERAÇÃO CONTENÇÃO
Rodrigo Vasconcellos, baleado na Operação Contenção, morre após 25 dias internado no Rio. - Foto: Reprodução ASCOM PCRJ

O policial civil Rodrigo Vasconcellos Nascimento, de 39 anos, baleado na barriga durante a Operação Contenção, morreu na madrugada deste sábado (22), no Hospital Copa D’Or, na zona sul do Rio de Janeiro. Ele estava internado há 25 dias após ser atingido por um tiro de fuzil no alto da Serra da Misericórdia, no Complexo da Penha, zona norte da capital fluminense.

Lotado na 39ª Delegacia de Polícia (Pavuna), Rodrigo foi um dos primeiros agentes feridos no início da megaoperação conjunta que mobilizou forças policiais nos Complexos da Penha e do Alemão, a partir de 28 de outubro. Desde então, ele lutava pela vida, chegou a apresentar melhora clínica e até sentou-se na cama durante o tratamento, segundo relato do delegado Felipe Curi, secretário de Polícia Civil.

“Notícia muito triste. Ele estava melhorando a cada dia. Estive no último domingo (16) visitando-o e soube depois pelo médico que ele ficou animado e chegou a sentar depois na cama”, afirmou Curi. “Rodrigo foi mais um grande herói que deu a vida pela sociedade. Não foi e jamais será em vão. Que Deus o receba de braços abertos e conforte os familiares e amigos.”

Operação deixa saldo trágico - Com a morte de Rodrigo, sobe para 122 o número de mortos na Operação Contenção, entre eles cinco policiais: três civis e dois militares do Batalhão de Operações Especiais (Bope). Também foram registradas mortes de três civis não envolvidos diretamente com o confronto. A ação é uma das mais letais da história recente do estado e tem sido alvo de críticas de entidades de direitos humanos e da comunidade local, além de gerar debates acalorados no meio político.

Durante os dias mais intensos da operação, o Hemorio chegou a fazer um apelo público por doações de sangue para Rodrigo. Sua condição, à época, era considerada grave, mas havia expectativa de recuperação. A piora repentina e a confirmação do óbito causaram forte comoção entre colegas de farda e autoridades.

O governador Cláudio Castro lamentou a morte do policial e reafirmou o compromisso do governo estadual com o combate ao crime organizado. “Recebi com tristeza a notícia do falecimento do policial civil Rodrigo Vasconcellos. Reafirmo meu compromisso de seguir firme no enfrentamento a esses criminosos que espalham medo e sofrimento, sem recuar um centímetro”, declarou.

A Operação Contenção foi classificada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva como “desastrosa”. Em meio à repercussão negativa, o Congresso Nacional prestou homenagem aos policiais mortos durante a ação, incluindo Rodrigo.

Clima de guerra nas comunidades - Relatórios da Polícia Civil entregues à Justiça do Rio descreveram um “cenário de guerra urbana” nos complexos do Alemão e da Penha, com barricadas, armas de grosso calibre e resistência armada por parte de facções criminosas. As operações, segundo a corporação, visam recuperar áreas dominadas pelo tráfico, onde o Estado teria perdido o controle territorial.

A morte de Rodrigo Vasconcellos evidencia os riscos enfrentados diariamente por agentes de segurança em operações desse porte. Familiares, amigos e colegas se despedem de mais um nome que engrossa a estatística de uma política de segurança marcada por confrontos e perdas irreparáveis.