22 de novembro de 2025 - 16h35

Mulheres comandam o samba: evento internacional homenageia Dona Ivone Lara e Nilze Carvalho

Maior roda de samba do mundo chega à 8ª edição neste sábado (22), com eventos simultâneos em 30 cidades; movimento celebra protagonismo feminino, diversidade e ancestralidade

CULTURA E MÚSICA POPULAR
Encontro de Mulheres na Roda de Samba homenageia Dona Ivone Lara e Nilze Carvalho, reunindo artistas em 30 cidades do Brasil e do exterior. Mais que música, o evento é um movimento político de empoderamento. - Fernando Frazão/Agência Brasil

O protagonismo feminino no samba ganha mais um grande capítulo neste sábado (22), com a oitava edição do Encontro Nacional e Internacional de Mulheres na Roda de Samba. O evento acontece no Renascença Clube, no Andaraí, zona norte do Rio, e simultaneamente em outras 30 cidades no Brasil e no exterior. As homenageadas deste ano são as cantoras e compositoras Dona Ivone Lara (in memoriam) e Nilze Carvalho.

O movimento, idealizado pela cantora Dorina, nasceu em 2018 com o objetivo de fortalecer a presença das mulheres no samba. “Queria unir mulheres que queriam fazer samba, que queriam orar através do batuque”, diz Dorina. Na estreia, foram 11 cidades — hoje, o evento alcança uma rede nacional e internacional.

Protagonismo feminino no samba - Nilze Carvalho, uma das homenageadas, participa do encontro desde a primeira edição. Ao longo dos anos, o Encontro celebrou nomes como Beth Carvalho, Elza Soares, Alcione, Teresa Cristina, Áurea Martins, Leci Brandão e Clementina de Jesus. Em cada cidade, uma coordenadora local lidera a organização, mantendo o caráter democrático e descentralizado da proposta.

Neste ano, o evento no Rio reúne mais de 100 mulheres entre cantoras, compositoras, instrumentistas e produtoras. A apresentação é da jornalista Bia Aparecida, com direção musical de Ana Paula Cruz e Roberta Nistra. No palco, nomes como Dorina, Nilze Carvalho, Ana Costa, Dayse do Banjo, Lu Oliveira, Patrícia Mellodi e Lazir Sinval. Também se apresentam os grupos Herdeiras do Samba, Matriarcas do Samba e Mulheres da Pequena África.

Rede de apoio, empoderamento e inclusão - Além de música, o evento é um movimento político e social. Entre as participantes, há mulheres trans, pessoas com deficiência e sobreviventes de violência. “A mulher cuida do outro, mas precisa aprender a cuidar de si primeiro. É isso que estamos construindo: uma rede de proteção, troca e saberes”, explica Dorina.

Para ela, o Encontro promove trocas intergeracionais e valoriza a ancestralidade. “Tem muito da minha mãe, minha avó e minhas tias nessa história”, conta.

Com mais de 30 rodas simultâneas em cidades como São Paulo, Salvador, Recife, Juiz de Fora e até fora do país, o Encontro se consolida como o maior evento feminino do samba no mundo. Segundo a organização, ele continua sendo uma vitrine essencial para que artistas mulheres tenham espaço no mercado musical.