Cela da PF em Brasília já estava pronta para Bolsonaro desde julho
Estrutura foi montada após pedido anterior de prisão preventiva; ordem foi executada neste sábado
EX-PRESIDENTE DA REPÚBLICAA prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro, ocorrida na manhã deste sábado (22), em Brasília, já estava nos planos da Polícia Federal há meses. Desde julho, quando a corporação solicitou pela primeira vez a prisão preventiva, a Superintendência da PF no Distrito Federal reformou uma cela exclusivamente para receber o ex-chefe do Executivo, em caso de decisão favorável do Supremo Tribunal Federal (STF).
Naquele momento, o ministro Alexandre de Moraes preferiu medidas cautelares mais leves, como tornozeleira eletrônica e, depois, prisão domiciliar. A estrutura, no entanto, permaneceu de prontidão. O novo pedido da PF, apresentado nesta semana, retomou o alerta interno e acelerou a execução da prisão — o que aconteceu neste sábado, às 6h10, sem algemas e sem exposição pública, como determinado pelo STF.
Operação foi preparada em sigilo absoluto - A decisão foi tomada na sexta-feira (21) e mantida sob sigilo. A operação foi conduzida pela Diretoria de Inteligência da Polícia Federal, com foco em evitar vazamentos e manifestações de apoiadores, especialmente após o surgimento de convocações para vigílias em frente ao condomínio onde Bolsonaro reside.
O planejamento antecipado da cela e a logística silenciosa da prisão demonstram que a PF e o Supremo já consideravam a possibilidade de uma medida mais severa contra o ex-presidente, mesmo após a primeira negativa, há quatro meses.
Os advogados de Bolsonaro não tinham conhecimento da decisão e, na véspera, ainda protocolavam pedidos para que qualquer prisão fosse domiciliar, alegando problemas de saúde. A prisão, no entanto, foi preventiva — com tempo indeterminado e sob justificativa de proteção à ordem pública.
A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro estava no Ceará quando soube da operação. Segundo a deputada Rosana Valle (PL-SP), que a acompanhava em um evento do PL Mulher, Bolsonaro telefonou para a esposa e afirmou que estava bem.
A decisão de Moraes atende ao novo pedido da PF, que apontou descumprimento de medidas cautelares e risco de interferência nas investigações sobre a tentativa de golpe de Estado. Bolsonaro havia sido alertado judicialmente sobre contatos com investigados e uso das redes sociais.
Agora, o ex-presidente permanece detido na cela já preparada pela PF em Brasília. Ainda não há previsão para audiência de custódia ou deliberação sobre seu futuro judicial imediato.