21 de novembro de 2025 - 16h40

Mesmo após alívio, 22% das exportações brasileiras ainda enfrentam sobretaxas dos EUA

Governo comemora isenção de 238 produtos, mas setor industrial segue sob pressão tarifária

COMÉRCIO EXTERIOR
Geraldo Alckmin detalha impacto das sobretaxas norte-americanas nas exportações brasileiras. - Foto: José Cruz/Agência Brasil

Apesar de avanços recentes nas negociações com os Estados Unidos, 22% das exportações brasileiras ainda enfrentam sobretaxas. A informação foi confirmada nesta sexta-feira (21) pelo presidente em exercício e ministro da Indústria, Geraldo Alckmin, um dia após a Casa Branca retirar 238 produtos da lista de tarifas adicionais.

Segundo Alckmin, esse foi o maior avanço desde que os EUA impuseram as barreiras. No início da crise, cerca de 36% das vendas brasileiras ao país estavam sob alíquotas extras. Com a nova decisão, esse número foi reduzido para 22%. O alívio tarifário inclui produtos como café, carne bovina, banana, tomate, açaí, castanha de caju e chá. A revogação da tarifa extra de 40% tem efeito retroativo a 13 de novembro, permitindo reembolso para exportações já realizadas.

Impacto nas exportações - Dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços indicam que, com base nos US$ 40,4 bilhões exportados pelo Brasil aos EUA em 2024:

US$ 8,9 bilhões seguem sob tarifa de 40%;

US$ 6,2 bilhões ainda enfrentam tarifa de 10%;

US$ 14,3 bilhões estão livres de sobretaxas;

US$ 10,9 bilhões permanecem sob tarifas da Seção 232, que incidem sobre setores como siderurgia e alumínio.

Alckmin ponderou que o setor industrial segue sendo o mais afetado e que redirecionar produtos de alto valor agregado para outros mercados é mais difícil do que com commodities. Aeronaves da Embraer, por exemplo, continuam sujeitas à tarifa de 10%.

Negociações continuam - A redução das tarifas teria sido influenciada por conversas entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump. O governo brasileiro enviou, no início de novembro, uma proposta de acordo comercial aos EUA. O conteúdo não foi divulgado.

Além das tarifas, estão em negociação temas como energia renovável, terras raras, big techs e o regime tributário de data centers (Redata). Alckmin também confirmou que Lula questionou Trump sobre a aplicação da Lei Magnitsky, que impôs sanções a autoridades brasileiras.

Apesar do avanço, o governo avalia que o setor industrial precisa de atenção especial nas próximas etapas. Produtos com maior grau de complexidade ou sob encomenda continuam mais vulneráveis, e o Brasil segue empenhado em ampliar o número de itens isentos. “Continuamos otimistas. O trabalho não terminou, mas avança com menos barreiras”, afirmou Alckmin.